domingo, 27 de abril de 2008

Décima Sétima Questão: A Arte e a Farsa

A farsa pode ser tomada como uma forma artística de subverter o mundo da arte? Para responder a tal pergunta, além de refletir sobre a postagem anterior, leia sobre a exposição "Geijitsu Kakuu", realizada em 2006 pelo artista cearense Yuri Firmeza, que criou o personagem fictício de um artista famoso japonês, tendo a atenção de toda imprensa cearense, como se verdade fosse. Para saber mais, pesquise na Internet, leia os textos disponíveis aqui e o que transcrevo logo abaixo.

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Adorável invasor
Matéria de Ricardo Sabóia, Fortaleza, originalmente publicada no sítio Overmundo

Como um vírus, Yuri Firmeza infiltrou-se na mídia e expôs as fraquezas de uma imprensa que, com raras exceções, mostrou-se incapaz de fazer uma autocrítica vigorosa.

O sobrenome de Yuri não poderia ser mais apropriado. Sua mais recente obra de arte é uma iniciativa que divide opiniões, mas não pode não ser classificada de firme. Ele criou um artista japonês fictício, batizado de Souzousareta Geijutsuka ("artista inventado" em japonês, segundo ele) e a exposição de arte e tecnologia Geijitsu Kakuu ("Arte e ficção"), programada para ser inaugurada na última terça-feira, no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MACCE) do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, pólo referencial das artes no Ceará.

Yuri também criou uma assessora de imprensa igualmente fictícia, batizada de Ana Monteja, que abasteceu a mídia local com press-releases sobre a exposição e o suposto artista japonês. Conseguiu até emplacar uma entrevista na capa do caderno de cultura do jornal de maior circulação no Estado, o Diário do Nordeste, só para usuários cadastrados. Tudo com o aval do Dragão do Mar, a "isca" que a imprensa precisava para ser fisgada pelo artista.

A surpresa veio com a revelação, no dia seguinte à publicação dos textos noticiosos divulgando a exposição fictícia, de que Souzousareta, apresentado como renomado artista contemporâneo internacional, com quatro passagens pelo Brasil e mostras em Tóquio, Nova York, Berlim e São Paulo, nunca existiu e não fora do projeto artístico de Yuri e das páginas dos jornais, pelo menos.
No MACCE, o projeto de Yuri, correspondente à quarta edição da série Artista Invasor, ganhou a sala supostamente destinada às obras de Souzousareta. Lá, estão expostos e-mails trocados entre o artista e o sociológico Tiago Themudo, com quem Yuri dialogou na concepção do projeto, e um texto de apresentação (em português e inglês) de Souzousareta ao público, escrito pelo diretor-técnico do MACCE, Ricardo Resende.

No debate Chá com Porradas, promovido pelo Centro Dragão do Mar na última quarta-feira, Yuri declarou: 'Os jornais de hoje (quarta-feira) confirmam o descaso, comprovam que não têm seriedade. Seduzi os jornais do mesmo modo que eles seduzem o público. A obra é uma situação".
A "situação" criada por Yuri busca refletir as complexas relações entre o status da arte contemporânea e seu posicionamento com outras instâncias, como os espaços de museus, galerias de arte e a cobertura midiática. "Queria discutir o museu como espaço de conservação simbólica e outras questões que não sejam propriamente estéticas. Aí entrou a questão da mídia, do mercado, das galerias. Uma invasão que não se limitou ao status museológico, mas a todo um sistema em que ele está inserido. E a mídia é o principal sistema", afirma. Outra preocupação do artista era revelar o descaso da cobertura da imprensa local com os artistas contemporâneos cearenses: "Falta um acompanhamento sistemático da produção contemporânea, de artistas que expõem em projetos importantes aqui e em outros Estados", enfatizou.

Questionado pelo Overmundo sobre os métodos empregados no seu processo de criação, duramente criticados pela imprensa, Yuri afirmou: "No meu caso, a invenção do artista é o próprio trabalho. O suporte era o jornal. Faltou humor da imprensa. Ela não teve iniciativa de se sentir como co-autora da obra. Os jornais se sentiram afrontados, viram que são vulneráveis a esse tipo de invasão. Não existiu uma auto-reflexão da imprensa."

Ainda no Chá com Porradas, o diretor do MACCE defendeu o artista: "A ousadia de Yuri talvez seja demais para os nossos padrões. Ele veio com uma proposta ousada, de testar os limites da instituição. "A obra de Yuri não se encerrou com a revelação de que Souzousareta é fictício: "Até fevereiro, faremos na sala do MACCE um acúmulo das matérias publicadas, o vídeo do debate no Museu".

Se a estratégia de Yuri não chega a ser propriamente uma novidade e pensemos no pronunciamento dos ataques de invasão da Terra por marcianos descrita em A Guerra dos Mundos e apropriadas por Orson Welles em discurso radiofônico, ou mais recentemente, no escritor JT Leroy, sua iniciativa despertou ataques de quem mais se sentiu ofendida por seu projeto artístico: a imprensa local ironicamente, quem viabilizou em última instância sua obra.
Em um primeiro momento, os jornais preferiram desqualificar o artista e o Centro Dragão do Mar. O Diário do Nordeste publicou texto na última quinta-feira cuja manchete classifica o projeto de "factóide", sugerindo que o Dragão do Mar comprometeu o "vínculo de credibilidade estabelecido junto aos veículos de comunicação e a sociedade cearense."

A reação na edição do mesmo dia do concorrente O Povo foi ainda mais agressiva: além de um texto informativo registrando aos leitores que a exposição era uma "pegadinha contemporânea", artigo assinado pelo jornalista Felipe Araújo classificava a obra de "molecagem" e não deixa de ser curioso que a molecagem, tão celebrada como marca identitária cearense, torna-se algo pejorativo quando põe em xeque o funcionamento da imprensa local. No texto, sobram ataques para a arte contemporânea no Ceará. "Com algumas caras exceções, uma arte pobre, recalcada e alienada, feita por moleques que confundem discurso com pichação" e corporativismo com os pecados da imprensa na cobertura do circuito artístico local.

Onde houve excesso de verborragia para desqualificar o artista e o Centro Dragão do Mar, faltou autocrítica incisiva para debater a ausência de uma imprensa responsável e especializada e questionar o uso do release por jornalistas, questão que vai muito além da "boa fé" dos profissionais de imprensa.

O diretor Ricardo Resende rebate as acusações de que o Dragão do Mar foi irresponsável em apoiar a iniciativa do artista. "Em nenhum momento a gente se eximiu da responsabilidade. O Yuri impôs, entre algumas regras, que a gente ficasse fora da divulgação. Quando a imprensa presssionou por informações, achamos que era hora de convocar o Yuri para falar. O Dragão não mentiu para imprensa, omitiu para viabilizar o projeto", declarou ao Overmundo. E sentencia: "Houve uma cegueira da imprensa. Os jornalistas estavam interessados porque era um japonês consagrado, artista que trabalha com arte eletrônica. Mas entendo que isso não seja um erro apenas da imprensa local, é da imprensa brasileira em geral."

A polêmica não arrefeceu. O mesmo jornal O Povo, que em edição de ontem publicou matéria de capa do caderno de cultura Vida&Arte dando voz ao artista e ao MACCE, acompanhada de um sensato artigo da jornalista Regina Ribeiro analisando criticamente o episódio, não hesitou em publicar editorial classificando a obra de Yuri de "Provocação Infeliz". O texto reconhece que a imprensa local "não sai ilesa" do episódio e diz que "em plena era da Internet não custava nada uma checagem em torno do nome divulgado", mas não poupa o artista de mais ataques, sugerindo que ele "extravasou suas frustrações e recalques na mídia". A afirmação revela justamente o que Yuri procurou mostrar: quem está precisando de um divã, efetivamente, é a imprensa cearense.

Trechos de e-mails enviados por Yuri Firmeza a Tiago Themudo:

"Olha aí, Tiago, e diz o que acha; A ocupação da sala será da seguinte forma: irei inventar um artista, biografia, currículo, obras; tudo ficção... Não sei como será a receptividade do público em relação ao Souzousareta, mas acredito que suscitará saudáveis desconfortos"

23 comentários:

Anônimo disse...

A farsa pode ser tomada como uma forma artística de subverter o mundo da arte?

Sim. Porque o autor coloca à sua percepção de forma oposta sobre a arte: “a arte como farsa”. Diz-se, pois, “que a máscara do herói ou do bandido oculta a verdadeira face, mas é também possível que ela oculte e revele a verdadeira essência de uma expressão artística resta saber até que ponto a arte e a farsa assumem identidade ou não”. Ele subverteu o mundo da arte, construiu (...) Ocasionou o caos, organizou a desconstrução. Subvertendo enfim, toda essa estranha lógica, em busca de outros caminhos. A obra de Yuri Firmeza nasceu da necessidade de utilizar a sua criação artística para provocar a reflexão. Reflexão sobre o meio, sobre a sociedade, sobre o papel do ser humano no mundo, sobre seu relacionamento com as coisas que o cercam e com ele próprio.

E dessa forma, "Cada artista tem o público que merece".

Análise do artista

Inquieto e buscando transgredir as fronteiras do óbvio (o óbvio aqui é entendido como percepção imediata, e não como o imediatamente correto) e refletir e agir em um cotidiano repleto de injustiças, o artista apresenta sua arte em locais díspares. Na verdade, o que o artista propõe é justamente não se ater ao convencional. A mudança é constante, todas as experimentações são também experiências vividas por ele, e que refletiu no seu trabalho, através de uma construção contínua. Por isso mesmo, cada olhar pode ser entendido como uma soma na percepção de um mesmo tema “a farsa” sendo o público e o cenário, que faz parte dessa visão que contribui na formulação ou reformulação do pensamento da sociedade atual. E foi nesse dialogo entre a obra e o artista, que ele encontra a forma que define o sentido das palavras. Podendo reportar aqui a figura do Mênon, que teve uma atitude eticamente suspeita. Aonde o tema central, enfocado na leitura do Mênon de Platão, é a relação entre dóxa alethés e opinião pública.

Análise da obra:

A leveza da obra se contrasta entre a simplicidade e a ingenuidade. O homem preso na sua própria caverna mediante as convenções da sociedade, no qual, ele inseriu-se. Aqui fazendo à analogia “A Caverna de Platão”, uma mistura de política, filosofia, arte, pintura, avareza e por último o capitalismo selvagem. É a inteligência que a caracteriza na singeleza dos recursos empregados. Para tal, argüição faz-se o primeiro argumento: tudo está perfeitamente dentro do espírito popular em que a obra se inspira e que quer se manter; segundo argumento: A linguagem deve chocar alguém, pois, é a do personagem e do ambiente retratado; terceiro argumento: a obra é mostrada, sob base de seus únicos verdadeiros objetivos a “indiferença que vive” e o “enclausuramento” e por último o artista teve a sorte de poder unir ao seu trabalho a “indiferença” e o personagem “Zé Souza”.


Considerações finais:

Nesse tipo de obra dita “farsa”, pode-se encontrar a ironia e o desmascaramento do comportamento humano. Por exemplo, pode-se ter uma visão satírica do comportamento humano, seja lá de que classe for, por exemplo, de nobres que fingem e dissimulam ou até mesmo uma intromissão na base familiar da sociedade.
No caso do mundo contemporâneo onde os grandes personagens históricos deram lugar aos oportunistas, a arte de algumas destas figuras confundem o público em geral; advém da conseqüência em cegar o caráter revelador da arte, que fora transformado em um elemento farsa. Ou seja, o artista, sinaliza como é dado àqueles que não apontam a arte como instrumento da verdade, que é arte de revelação; esses sempre acabarão sendo punidos pelas suas próprias ações. As farsas sempre caíram mais no gosto do público pela maneira de como o artista irá tratar os temas propostos. Por exemplo, a falta de compaixão, a moral, a ética, a cumplicidade e a capacidade de driblar hipocritamente as convenções sociais para satisfazer seus desejos e suas metas.
Analisando de uma forma em geral, ao se reportar para a Tragédia, ela na verdade veio antes da farsa, pois no teatro representava a tragédia da vida das pessoas como Antígona, por exemplo, que foi condenada a morte por Creonte.

Conclusão final

A obra desenvolvida de Yuri Firmeza reflete uma forma de ver e pensar o mundo. De produzir sob influencia pelo espaço e tempo, real e virtual, numa relação dialética e reflexiva sobre nosso cotidiano.

Jucélia Maria Emerenciano Rodrigues
Matrícula 200007811

Tassos Lycurgo disse...

Oi Jucélia,
Como sempre, os seus comentários são sempre excelentes e, em um ponto (sem prejuízo de outros, naturalmente), estou totalmente de acordo com você: a obra valeu pela subversão da sociedade (pelo menos, da sociedade dita da arte). O artista tirou a roupa da sociedade da arte e ela, infelizmente, não soube apreciar a sua própria desgraça.
Abs.,
TL

Anônimo disse...

Concerteza, o artista revolucionou com seu ato. Confundindo e causando movimento, numa sociedade, em tormo da arte.



Leilane Antunes
200706357

Unknown disse...

De acordo com a postagem anterior, com aviso de mais polêmica sobre a morte do cão e da exposição de Yuri Firmeza, considerando aos posicionamentos e argumentos dos profissionais citados no texto, a arte deve vir para questionamentos, para expor um ou vários pontos de vista, ela proporciona a verdade à obra e ao fato do qual esta obra se enquadra em questão.
Incentivar a obra ao “ponto verídico de seu enfoque” é uma das lutas em que a arte quer chamar a atenção para um apelo nas diversas esferas do pensamento e do posicionamento da sociedade.

ANDREIA MELO
200610597

Anônimo disse...

Sei que a questão não é essa, mas como posso avaliar algo se não considero arte!
minhas respostas estão sempre girando em torno disso..

"Mesmo se tudo isso for uma farsa, pode ser extremamente perigoso. Uma farsa vai induzir a uma interpretação [da obra] farsante. É um tipo de provocação que passa dos limites da educação humanística", completa Ana Mae.
Acho que minha opinião se aproxima da de Ana Mae Barbosa, sendo que, eu nem considero como obra de arte!
A obra de Yuri Firmeza, não passou de uma lição para a imprensa.

CAROLINE MICHELLE FIGUEIREDO PEREIRA
200606174

Anônimo disse...

Rodrigo de Paula Pessoa Freitas
200710907

Concordo com Jucélia que sim, ao passo em que "organiza a desconstrução". No caso em questão o objetivo foi alcançado através da farsa e não há duvidas quanto a isso; porém, a grande dúvida que fico a me perguntar é como subverter um mundo dito mundo da arte quando arte em si não é receita de bolo e, em muitos casos, não se chega a um consenso sobre o que é ou não arte.

L.A.G. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
L.A.G. disse...

Claro que a farsa pode subverter o mundo da arte.
Yuri Firmeza foi quase um gênio com essa exposição farsa, só acho q ele pecou no nome do artista que é o que seria o mais importante: Souzousareta (isso não é nome japonês nem no japão nem na china), não sei como não desconfiaram.
A arte tem o poder de mudar o ponto de vista das pessoas. E acontece exatamente no momento em que yuri descobre sua farsa. Passou de sensação do momento para oportunista. A imprensa se sentiu ultrajada, pois Yuri se aproveitou de uma brecha q havia e os manipulou, invertendo os papeis. Fazendo a imprensa sentir do seu próprio veneno. Quantas pessoas ja não tiveram suas vidas manipuladas pela imprensa e não tiveram oportunidade revidar?
A reflexão sobre essa arte é muito boa. E me desculpem os que não acreditam que esse trabalho seja arte. Mas francamente, arte não é pintar em tela uma tulipa. O clube de mães que o diga.

LEANDRO ALVES GARCIA
200606310

PS.: OPEN YOUR MINDS!!!

carla souza disse...

A farça pode sim ser tomada como uma forma artistica de subverter o mundo da arte.
Yuri Firmeza supreendeu a impreensa e ate mesmo os outros artista ao criar a farsa, pode mostrar a sociedade o que a impreensa faz, desmascarou-a sem dar a ela o poder de reverter essa situação, mostrou que a arte tem o poder de desinstabilizar o q aparentemente esta sobre controle.
O poder tem medo da arte por isso tenta agrada-la, alia-se a ela,essa foi uma maneira de mostrar que não caimos nesse mundo falso, cheio de coisas regradas.
A arte é a unica capaz de mostrar realidade dos fatos com total transparencia.

Carla Souza
200610619

Anônimo disse...

Taí! Gostei do Yuri Firmeza! Precisa ser muito artista para construir uma farsa tão óbvia e que conseguiu desmistificar "a verdade" institucionalizada. Aquela que o povão ouve e acredita sem questionar, tornando-se sempre "massa de manobra" de oportunistas. Yuri não foi tão enfático quanto Orson Wells, mas, como diz a moçada, "mandou bem", muito bem mesmo, ao meu ver. Além do mais, o que é um grande ator senão um grande farsante, no sentido mais elevado da palavra. Já não vimos a imagem de um palhaço, que sempre leva alegria ao público, independente de sua vida pessoal, que quase sempre não é um mar de rosas? Sim, a farsa é uma forma artística e pode subverter o mundo da arte. ADOREI.

Isis de Castro.
200610651

Anônimo disse...

Acredito sim que a farsa pode ser tomada como uma forma artística de subverter o mundo das Artes. SE TODA MERDA AGORA É ARTE, por que a farsa não pode ser?
A proposição do artista cearense Yuri Firmeza, além de fazer uma denuncia crua com o intuito de realmente desmoralizar a imprensa, mostrando sua vulnerabilidade (Arte Conceitual é denúncia), faz também um trabalho ousado (como cita a matéria) e de uma criatividade tamanha, simples e ainda por cima originalíssimo em torno de uma fictícia exposição de um fictício artista japonês.
Todo o projeto de preparação da fictícia exposição exigiu pensamento, reflexão sobre toda a concepção da sua idéia, de como fazê-la e qual seria a repercussão. Pensar é Arte, Criar é Arte, Idéia original é Arte, Denúncia é Arte. Transgredir é Arte. Suscitar polêmica é também uma das formas de Arte, e tudo isso foi exigido do artista cearense para montar seu projeto. Cada vez mais a Arte é algo ou alguma coisa. Quem está acostumado com o tradicional, fica chocado.
Só colocar em “cheque” a seriedade de Órgãos que não respeita o povo já exigiu dele muito trabalho.
Tivemos uma aula de Arte Conceitual. Arte essa que, muitas vezes, exige somente uma pequena idéia bem elaborada, um conceito criativo que possa ser desenvolvido sem precisar necessariamente mostrar nada de concreto. Foi exatamente o que Yuri Firmeza fez. Gostei da aula, da idéia e do resultado.
200606360 – Vera Lúcia das Chagas Faustino Alves

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

Absolutamente que sim!
A arte é capaz de subverter qualquer coisa, principalmente o mundo em que vive...

Foi incrível a maneira como o Yuri conseguiu isso: inventar um artista imaginário e estrangeiro para enganar a mídia foi uma idéia excelente, senão perfeita.
Realmente a mídia só divulga o que não é daqui, o que é de fora e não é só a mídia cearense não, é a brasileira em si. Temos a mania de valorizar o que é de fora e renegar o que é nosso. Por que é que os turistas são tão bem tratados se não somos nem aceitos em certos países????
A sociedade brasileira é falha e a mídia não poderia ser perfeita. Agora esculhambarem o pobre do Yuri e ainda difamarem o Dragão do Mar por um erro que não é deles e sim dos jornalistas é uma sacanagem(desculpe o termo)! É uma falta de responsabilidade tremenda, é mais fácil culpar os outros do que assumir os próprios erros neh!

Acredito que a notícia do cachorro não teve a função de e nem subverteu nada.
Comparando com a de Yuri, a reportagem sobre o cachorro, é totalmente diferente!
Primeiro porque o artista não teve intuito nenhum de mentir sobre o estado do cachorro e segundo porque essa farsa não teria relação nenhuma com a obra.

Anônimo disse...

No caso mostrado do artista cearense Yuri Firmeza podemos ver a farsa como meio para chamar a atenção sobre o descaso da mídia com a arte local, e a valorização demasiada com os artistas estrangeiros, coisa que não se restringe ao Ceará. Como diz no próprio texto “A situação criada por Yuri busca refletir as complexas relações entre o status da arte contemporânea e seu posicionamento com outras instâncias, como os espaços de museus, galerias de arte e a cobertura midiática.” Já no caso do artista costa-riquenho Guillermo "Habacuc" Vargas , sem comentários.


Patrícia Cristina 200606344

Anônimo disse...

A arte farsante subverte ao ponto de fazer com que o próprio fato do pensar artístico se perca,muitas vezes,quando o objetivo não é mais seduzir,dar prazer estético ou contribuir para a busca da expressão humana.Utilizando-se da arte farsante,pode-se extrair um verdadeiro embate das classes dominantes para a partir daí vender seu estilo de vida como superior.Uma arte farsante pode induzir terceiros ao convite à um modo de vida alienado...
Sabe-se ainda,porém,que a mesma não é apenas isso,uma farsa necessariamente ofenciva.Tal forma de manifestação pode também,logicamente,ser apenas mais uma "licença poética artística",uma vez que a arte desde de sempre tem tal abertura.Enfim, arte e farsa podem tanto contribuir para o manifestar artístico assim como podem descaracteriza-lo.
Thais Henrique Ferreira
matr.200611062

Anônimo disse...

A farsa pode ser tomada como uma forma artística de subverter o mundo da arte?
Neste caso, acho que sim.
Como o próprio Yuri Firmeza explica, o personagem e todo o aparato fictício era o próprio trabalho de arte.

E serviu para desvelar a hiprocrisia de uma imprensa que se deixou levar pela aparência do pseudo artista. Como sói acontecer em muitos outros casos na imprensa.

Ricardo Wagner de Araújo 200710893

Anônimo disse...

ANDRÉ LUIZ RODRIGUES BEZERRA
MAT- 200717405


Acredito que sim, sobretudo segundo o exemplo colocado como mediador para a questão, o de Yuri Firmeza. Creio que ao elaborar sua obra Yuri tenha proposto uma intervenção real na sociedade artística local para-além do fator meramente expositivo. Firmeza propõe uma subversão da própria instância midiática a que se submete a obra de arte na atualidade desnudando o mundo artístico-cultural construído como simulacro. Neste sentido creio que pensar a criação em arte não seja circunscrever-se a um hábito cativo, mas expor um pensamento crítico aprimorado, capaz de notar as articulações presentes num macrocosmo de relações em diversas esferas do conhecimento e através desta percepção reconfigurar numa prática subversiva a resignificação e real apropriação dos elementos que deseja performativizar, produzindo, assim como na exposição de Yuri, um contundente desvelamento e aprofundamento do tema que escolhe através, por exemplo, da farsa que no caso em questão é tomada pelo autor como instrumento basilar para evidenciar o enfoque desejado dentro dos símbolos que escolhe para trabalhar.

Anônimo disse...

VANESSA KALINDRA LABRE DE OLIVEIRA
MAT: 200717600

Sim. A farsa como elemento de construção artística, como no caso de Yuri Firmeza, tem por si mesmo a capacidade de subverter o espaço cênico de realização. É capaz de codificar o cotidiano e exacerbar as dimensões de casualidade, efeito, tolerância. A crítica do autor sobre a forma de política da imprensa resgata uma outra esfera deste tipo de representação. Não é como ir ao teatro e se preparar para ver a representação de algo, não é como estar seguro num outro pólo do espaço cênico. Quando você lida com os mesmos elementos dinamizados a expor o outro é como se desnudar, o erro se revela, o olhar se volta para você e seus atos, agora você está no palco, agora é você que todos olham.
A imprensa logicamente refuta, mas o objetivo, claro desde o início, foi alcançado, foi revelada tamanha falta de profissionalismo e credibilidade. Mas fácil é falar de seu descaso, de seus erros, ou mesmo fácil é criticar a postura com que trabalhou com a história revelada. Mas trabalhos como esses continuam a ser assistidos da outra extremidade, trabalhos como esses servem para criticar instituições, órgãos, política, mas também são pessoas os focos desta empreitada, eles têm nomes. E desde que não exponha meus fracassos e medos, erros e palavrões, ótimo.
Yuri Firmeza realiza, ao meu ver, um trabalho sensacional, um conjunto de elementos que se constroem e se organizam na busca por, desde que possível, veracidade de ações. É claro que existem diversos aspectos nessa discussão que precisam ser relevados, mas eu, enquanto estudiosa e artista, acredito que o trabalho em questão é consistente, estudado e que mobiliza a farsa em favor de um objeto artístico extremamente propulsor.

Anônimo disse...

A farsa pode ser tomada como uma forma artística de subverter o mundo da arte?

Acredito que sim. Esse "golpe" que o artista deu em todos foi não só inteligente como algo comum, já utilizado, em versões um pouco diferentes, nos dias de hoje!
Como outro exemplo, a escritora Laura Albert que se passava por JT LeRoy, personagem fictício de um livro de memórias e autor do mesmo. Ela chamou a atenção de todos ao redor do mundo, com seu personagem, as vezes personificado pela mesma( ela se vestia como JT), um adolescente viciado, de conduta questionável, marginalizado e prostituído.
Essa "farsa", pra mim, é a arte, é uma expressão artística interessante e muito criativa, que mostra que nem tudo é real, que joga na cara de todos a tamanha farsa que as vezes é essa tal "realidade".
No caso de Yuri Firmeza essa fraude toda criada por ele é uma forma de expressão criativa, era a arte, o autor mesmo intitula a farsa toda como a obra artística em si. A farsa foi não só criativa, mas também provocativa, pois ela expõe o quão debilitada a mídia é.
Diogo 2005050006

Anônimo disse...

Aí vai meu comentário

Surpreendente a atitude de Yuri! Agiu com muita astúcia! Considero sim, que uma mente articuladora, que reflete na situação atual da sociedade e seus valores pode causar certa desordem na “ordem política e social” estabelecida. Yuri provocou, ou melhor, ele de certa forma fez o grande favor de abrir os olhos da imprensa e da sociedade. Temos o péssimo costume de valorizar tudo que vem de fora, não importando o que seja. A ira da imprensa foi ter sido enganada, pois atitude de Yuri divulgando a exposição mostrou a vulnerabilidade e despreparo de alguns meios de comunicação. A arte pós-moderna tem a feliz função de ironizar, criticar e alertar a sociedade. Então, esse ato irreverente (farsa) pode, sem dúvida, ser tomado como uma –interessante- forma artística de subverter o mundo da arte!
E, viva a arte!

Conceição Oliveira
Matr. 200606204

Anônimo disse...

A farsa pode sim ser uma maneira de subverter a arte. Desde o seu pensar até o seu fazer a obra passa por processos de identificação. Ao se imaginar o que deveria fazer da sala de exposições o artista Yuri criou concepções que aliadas ao seu cunho final geraram a aqueles que assim tiveram noticia da exposição, como é o caso da imprensa, uma idéia do que seriam as obras contemporâneas anunciadas, e desta forma levantamentos a respeito de tal arte.
Tais imaginações geram no coletivo uma forma de se pensar arte, que posteriormente revelando seu verdadeiro conteúdo e objetivo desperta no leitor questões impensáveis até então, pois achava-se ser real a obra no qual assistiriam.
Tirar do ciclo artístico a maneira tradicional de se pensar a arte para inserir um pensar fictícional foi um dos objetivos de Firmeza, e é nesse ponto onde há a discussão gerada. Já que a impressa nesse sentido não aceita que seja posta em um patamar onde não possa compartilhar da sua influencia dominante sobre o que é produzido.


Camila Maria Grazielle Freitas
200717430

Anônimo disse...

Tratando-se do ponto de vista teórico, a arte é por si só uma farsa. O simples fato de procurar-mos a arte é uma tentativa de fuga do real. Alguns acham que arte é a representação da realidade, mas eu não vejo as coisas desse jeito.

Como mostra um filme de Kublick, "For Fake" mostra esse lado da arte. Mostra que a "farsa" é algo de fundamental no processo crítico na arte. Mostrando até que ponto o pioneirismo artístico é algo de relativo.

Vejo o trabalho desse artista como uma forma de protesto artístico.
Há realmente muita idéia e coragem nesse simples ato....


Daniel Eric Sonehara Muller
200606220

Yuri disse...

Duchamp foi o primeiro a colocar a questão do efeito da obra como elemento artístico, e fez isso através da exposição da farsa que caracteriza o mercado artístico e a senso comum sobre a obra de arte. Não que a arte em si seja uma farsa total (nem tanto ao mar, nem tanto à terra), mas atos como o de Yuri Firmeza podem sim ser considerados como artísticos, já que expõem a falha que existe na construção de "artistas" que a mídia promove, mesmo quando se trata de "arte culta".
Subversão nem sempre é arte, mas arte frequentemente tem a característica de subverter algo, nem que seja a si mesma.
Yuri Kotke Cunha
Mat: 200717626

Anônimo disse...

A farsa pode ser utilizada como arte contando que o autor some as suas idéias. Não a farsa pela farsa. Chegamos a um nível que é quase impossível de criar algo que nunca foi criado, sempre há uma mistura, uma inspiração em outra. Apesar de não gostar desse tipo de atitude, não posso deixar de negar que a farsa é um tipo e arte.

Ana Paula Almeida de Oliveira
200610589