sexta-feira, 4 de abril de 2008

Momento para Refletir: mesmo no mundo de hoje, o hiperrealismo tem vez

Mesmo no mundo de hoje, o hiperrealismo (como o de Ron Mueck) tem vez. Vejam as incríveis esculturas deste artista australiano.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Momento para Relaxar: o "do contra"

Eis o famoso Sr. "Do Contra".

Décima Segunda Questão de 2008.1: as três revoluções da arte e a moralidade

Com base em que argumentos do texto “As três revoluções da arte”, de autoria de Orlando Fedeli (que é ferrenho defensor do Catolicismo Ultra-tradicionalista), a obra “O Terço Erótico” (v. Décima Questão) seria imoral?

Aviso

Informo que não haverá aula de Estética Filosófica na próxima sexta-feira (04.04.2008). Como atividade compensatória, deve-se cuidadosamente ler o artigo "As Três Revoluções da Arte", sobre o qual muitas das próximas questões versarão.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Décima Primeira Questão de 2008.1: O "Eres lo que lees" e a Moralidade

Em 2007, o artista Guillermo Habacuc Vargas, da Costa Rica, expôs Natividad, um cão faminto e com muita sede, em uma galeria de artes. Na parede, acima do cão mas fora de seu alcance, o artista escreveu com ração a frase “Eres lo que lees”. A idéia era deixar o cão morrer de fome e sede. A obra, diferentemente de “O Terço Erótico”, não foi censurada e o cão, efetivamente, morreu na frente de todos, finalizando assim a performance artística planejada pelo artista. Para saber mais sobre o caso, clique aqui. Para ver mais fotos, clique aqui.
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Quanto à questão, ela é a seguinte: A omissão em não censurar a obra (salvando a vida do cão) foi correta ou, do contrário, o cão deveria morrer em nome da liberdade de expressão artística? Fundamente a sua resposta.
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Note que esta questão é a primeira da 2AV e vale dois pontos, de acordo com o exposto na seção "Avaliações" do site da disciplina.

domingo, 30 de março de 2008

Momento para Relaxar: Cenas que gostaríamos de ver

Para o mundo deixar de ser tão repetitivo, segue um exemplo das cenas que gostaríamos de ver.

Décima Questão de 2008.1: O "Terço Erótico" e a Moralidade.

O próximo tópico a ser debatido será o da relação entre arte e moralidade. Para esquentar os debates, resolvi colocar na Décima Questão (a última da 1ª avaliação de 2008.1) algo correlato. Assim, segue a imagem de dois terços compondo dois pênis em forma de cruz, da obra “Terço Erótico”, de autoria de Márcia X., que em 2006 teve de ser retirada por censura, em uma exposição do CCBB, no Rio de Janeiro. Para saber mais sobre o caso, veja os inúmeros artigos a respeito, clicando aqui.
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Quanto à questão, ela é a seguinte: A censura foi correta ou abusiva? Fundamente a sua resposta.
Abs,
Lycurgo

Da Doença do Artista, do Escritor e do Filósofo


Há poucos anos, foi publicada em alguns jornais e também no meu blog "Crônicas de Tassos Lycurgo", a crônica "Da Doença do Artista, do Escritor e do Filósofo", que tangencia algumas questões já tratadas na nossa disciplina. Reproduzo abaixo a crônica, para que os que quiserem possam lê-la e, eventualmente, colocar os seus comentários.

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Da Doença do Artista, do Escritor e do Filósofo

Tassos Lycurgo
(http://www.lycurgo.org/)


Todo escritor é doente. Todo artista é doente. Todo filósofo é doente. Falo dos verdadeiros, que são pessoas para cujas sobrevivências é necessário mais do que outros precisam para simplesmente existir: aqueles precisam do inútil, do que não tem préstimo ou serventia alguns, como a arte, a literatura e a filosofia.


A arte é inútil. A literatura é inútil. A filosofia é inútil. Se a primeira faz pessoas verem a vida melhor, se a segunda faz pessoas passarem o tempo com alguma nobreza e se a terceira faz homens e mulheres defrontarem-se com problemas de suas existências é que essas atividades estão sendo tomadas não como tais, mas como instrumentos de uma espécie de psicoterapia ocupacional. Arte enquanto arte, literatura enquanto literatura e filosofia enquanto filosofia não têm serventias, senão a de ocupar um vazio, um vácuo, uma lacuna que misteriosamente aparecem no coração de poucas pessoas: os artistas, os escritores e os filósofos.


Se eu não tivesse tanta preguiça de fazer entrevistas e de produzir as suas estatísticas, sairia por aí com uma prancheta perguntando a todo mundo se precisam do inútil para viver. Aposto que encontraria noventa e nove vírgula nove por cento de pessoas que não precisariam do que não tem serventia. Do outro lado, na parcela insignificante da humanidade, estariam os doentes, para os quais é inevitável não se contentar com os limites impostos pela condição da humanidade. Eles precisam existir como humanos sonhadores. Se soubéssemos o que passa na cabeça do sonhador, teríamos até certo constrangimento de caminhar na rua, deixando claro que um jardim mal cuidado e um ar poluído bastam para a nossa sobrevivência.


Para a maioria de nós, basta o pão, a água e alguma distração eventual das coisas reais. Com isso, estamos felizes e vivemos, simplesmente. O artista precisa de mais e, quando consegue, logo vê que aquilo que conseguiu nada lhe trará senão, com muita sorte, alguma fidalguice, mas nunca alguma plenitude. O escritor tem a sua obra, mas não sabe como lidar com o que quis dizer e não disse. O filósofo, como já o escreveram uns, é aquele que não sabe usar a linguagem: fica por aí, criando palavras em línguas mortas (o grego clássico é a preferida) para, depois, debruçar-se sobre o significado que pode ter uma palavra que simplesmente não existe e que ninguém a usa fora do espaço estranho que é criado pelas paredes de uma sala de aula de um curso de filosofia.


Da perspectiva prática, a situação também é doentia, pois escrever é, na realidade, um verdadeiro tédio: é procedimento que muito se estende, quase não acaba nunca e, quando pensamos que está terminado, é hora de jogar tudo fora e começar de novo. Nunca um texto está pronto e nunca estará, mas aquelas horas dedicadas ao que não bem se sabe o que não serão jamais recuperadas. Escrever, nesses termos, é como montar quebra-cabeças ou comer cavaco chinês: apenas uma forma de passar o tempo, de ficar mais velho. Mesmo assim, o escritor, por mais que tente, não consegue deixar de escrever.


Há, ainda, o perigo da esquizofrenia acometer o artista, o escritor e o filósofo. Não raramente, verifica-se em tais pessoas sintomatologia que se manifesta em dissociações entre o que é real e o que é fictício. Muitos deles, inclusive, não são capazes de distinguir essas categorias, colocando de um lado o que pertence à realidade e, do outro, o que é próprio da ficção. Talvez por isso essas pessoas insistam em tentar comunicar algo proveniente de um mundo particular, não acessível. É isso! Eles são autistas que escrevem e produzem arte para comunicar aos da terra as modas interessantes do mundo deles, mas, paradoxalmente, nunca conseguem, pois o limite entre o mundo de fora e o de dentro é mais alabirintado e confuso do que o que possamos imaginar.


De tudo, uma coisa é certa: o artista, o escritor e o filósofo produzem a sua obra para que possam, da perspectiva das suas próprias existências, sentir-se vivos e, em certo grau, livres de suas doenças. É, em resumo, a recorrente tentativa de cura impossível para uma deliberada manifestação de incompletude de si mesmo. É tão triste a incompletude em quem nunca se sentirá pleno. Ninguém, talvez, devesse sentir necessidades que não tivessem uma finalidade prática, pois os que a sentem corroem-se e se consomem. Melhor seria se todos, indistintamente, fôssemos como as plantas, aquelas bem rústicas, que nem de água muito precisam. Vivem e pronto: o resto é extravagância.