sexta-feira, 7 de março de 2008

Quarta Questão de 2008.1


Um pensador (um artista, um filósofo, um escritor) necessariamente há de ter repertório, há de ter lido muito (ou seja, tem de ser formado de livros, como a figura acima) ou, do contrário, é possível produzir idéias intelectualmente relevantes sem nunca ter tido estreito contato com os clássicos, com as grandes obras que a humanidade já produziu? Responda ainda: há artistas natos e iletrados? Produzir arte é algo diferente de produzir pensamento sobre a arte?
• • •
Vocês devem responder estas questões com base nas suas reflexões sobre os temas. Pensem bastante e coloquem as suas opiniões de forma argumentativa. Quero ver o debate.
Abs.,
TL

29 comentários:

Edson Lima disse...

1-Segundo alguns estudiosos é necessário, sim, ter lido muito para produzir pensamento de qualidade. O Professor Vicente Vitoriano, do Departamento de Artes da UFRN sempre insistiu muito conosco, enquanto seus alunos em diversas disciplinas, sobre a necessidade de lermos bastante, analisarmos textos, produzir resenhas, entre outras atividades. Ele deixava claro que só através do conhecimento adquirido é que nos apropriamos da capacidade de formular e até de rebater conceitos. Seguindo essa linha de pensamento, posso afirmar que sem os livros o pretenso pensador não teria base intelectual suficiente para filosofar.
Poderia se dizer que, não necessariamente a leitura é imprescindível, já que o repertório pode ser construído ao longo da vivência deste indivíduo. Mas, então, voltamos ao cerne da questão: se o conhecimento é adquirido através da experiência de vida dessa pessoa, então, a qualidade do pensamento deste, é diretamente proporcional à quantidade de conhecimento adquirido, ou seja, maior repertório, melhor poder argumentativo.
Ainda sobre o primeiro tema, cito como exemplo a dificuldade que a nossa turma de Artes Visuais tem de expor pensamentos sobre filosofia, por absoluta falta de repertório (não fomos ainda apresentados a Nietsche). Do mesmo modo, deve acontecer com os nossos colegas de Filosofia (que provavelmente não conhecem Mondrian ou Lèger), que também tem suas dificuldades de expor pensamento crítico sobre obras de arte.

Apesar de não acreditar na predisposição, ou no pensamento Walloniano que defende o talento como um dom inato, ou seja, já vem do berço, (acho sim, que em todas as áreas de conhecimento, sempre se aprende com a vida) mesmo assim, reconheço que existem os elementos chamados “autodidatas”. Pessoas que apesar de não possuírem o ensino formal, (serem iletrados) de não terem freqüentado escolas de arte, conseguem produzir arte. Mesmo assim, em determinado momento esse artista entra em contato com alguma forma de conhecimento formal. Então, resumindo, não pode existir o artista “puramente” nato.

Produzir arte é muito diferente de “pensar” sobre arte. Para se ter o domínio do pensamento crítico sobre arte é necessário conhecer os diferentes contextos da história da arte; as várias correntes estilístics; o pensamento que originou determinada teoria sobre arte. Isso só é conseguido através de muita leitura. Já a produção, apesar da teoria ser muito importante, não é extremamente necessária. Qualquer pessoa suficientemente habilidosa e com a s ferramentas certas pode produzir arte, ver, por exemplo, os artistas populares, como os cordelistas do Nordeste brasileiro ou então um Mestre Vitalino, para mim um verdadeiro artista.

Edson Lima
200606239

Tassos Lycurgo disse...

Oi Edson,
Apenas gostaria de dizer que penso que o seu comentário está bastante concatenado, apresentando idéias claras e fortes argumentos. Quanto à colocação do Prof. Vicente, tendo a concordar com ela. Há, contudo, alguns aprofundamentos do problema que são, no mínimo, interessantes. Um dos quais, a meu sentir, decorre de uma colocação sua: “Produzir arte é muito diferente de ‘pensar’ sobre arte”. Imagino que isso seja correto, mas será que há uma relação de antecedência lógica entre pensar e produzir arte? Isto é, assim como o barulho e a batida na porta são coisas diferentes, mas criamos uma relação de conseqüência entre esses dois fatos (Hume trata disso), talvez não haja como produzir arte sem pensar em arte. Notei que há um embrião de resposta na sua colocação de que certos artistas podem ter aprendido como autodidatas, o que não pressuporia necessariamente uma educação formal, tais como as das escolas e universidades. É, todavia, uma postura perigosa no sentido de se ter de estabelecer que aprendizado é esse a que você se refere: se for um aprendizado teórico, por leituras próprias, idas aos museus e bibliotecas, a questão parece não encontrar maiores obstáculos; mas, se você se refere a um tipo de aprendizado absolutamente informal (para não dizer empírico), proporcionado pelas vicissitudes da vida, creio que será no mínimo difícil apresentar respostas a algumas questões. Ora, todo mundo tem algum aprendizado desta natureza, de forma que a qualquer artista dito nato (assim como a qualquer pedreiro nato, a qualquer cantor nato, a qualquer publicitário nato, etc.) esta resposta caberia, razão por que seria de pouco valor. De qualquer forma, o que eu apenas gostaria de dizer aqui é que você abordou a questão de forma muito interessante e, conseqüentemente, ajudou a construir o pano de fundo em que muitas questões esteticamente relevantes podem tomar vida. Veremos.
Abs.,
TL

Anônimo disse...

Para um pensador é necessário sim que ele tenha um arcabouço de conhecimentos para que ele se situe sobre o que está a falar, pois não é simplesmente dizer, como por exemplo, que a essência do Ser é “circuitos elétricos”, sem poder situar-se no que já foi dito sobre o Ser e sua natureza, mas sim colher as várias passagens do que se foi pensado para a partir daí proferir um pensamento crítico, até mesmo refutando ou incrementando sentidos ao pensamento já pensado.
Sim, há artista natos e iletrados, porém do ponto de que suas obras são elaboradas não fundadas em um pressuposto de idéias consagradas, aprofundadas em escolas, mas com o adquirido com o ver fazer ou o ouvir dizer, podemos dizer assim. Como por exemplo, temos vários tocadores de viola que improvisam seus versos, sem que ele saiba nenhuma técnica de ritmação. Ou, um desenhista que elabora lindas figuras humanas, mas nunca entrou numa escola de artes, e até mesmo o que não dizer de muitos pedreiros semi-analfabetos que são capazes de construir belas casas, isto também é uma arte.
Mas o produzir a arte não é o mesmo que produzir pensamentos sobre a arte, pois para isso requer um aprofundamento, tanto sobre o contexto histórico como do próprio pensar filosoficamente sobre a arte. Como o caso do pintor de figuras de desenhos japoneses, que sabe traçar linhas tão bem definidas, mas pode não saber em que contexto histórico isso se deu. Seria também como um “músico compositor” da nossa atualidade que compõe alguns ruídos musicais mas não sabe nem sequer o que se quer transmitir.

Unknown disse...

MARCELO LUIZ DA SILVA AZEVEDO
Professor neste último texto colocado, eu esquci de colocar o meu nome e matrícula.

Anônimo disse...

Aí vai meu comentário.

Como posso falar daquilo que não conheço? Que não vivi? Quero discutir aquilo que a minha pequena experiência me concedeu. E aí está.
Na arte existem várias linguagens. Todas (penso) podem ser realizadas por humanos mortais. Dançar é uma arte, pintar, interpretar (Ah! Isso os seres humanos o fazem muito bem!), compor uma canção e cantá-la também é uma arte. Não é necessário ter lido muito, nem ter freqüentado uma escola de música, nem ter um curso de Belas-artes, muito menos ter feito o mais cotado curso de teatro ou quem sabe a famosa escola especializada em dança de todos os tipos. A manifestação artística pode acontecer independente de todos esses conhecimentos, pois ao que me parece (apenas no que eu percebo nos seres humanos - Lembra da arte rupestre?) a arte está inserida no código genético. Afinal, Deus é o maior e melhor artista de todos os tempos! Quer conferir? Olhe agora mesmo para o seu lado, ou vá até o espelho! Que obra de arte! Se somos sua imagem e semelhança (creio que sim), então também artistas em potencial. (Nisso tudo eu acredito).
Mas voltando... Quando iniciei o curso em Artes Visuais, (mesmo com os talentos que já possuía), fiquei encantada com o que a cada livro, a cada teoria, a cada explicação, no compartilhar de idéias; acrescentava-me, construía e desenvolvia o que estava em mim ainda cru. O conhecimento constrói (se bem medido), e o homem muitas vezes erra o alvo, por falta de conhecimento. Afinal, não somos uma ilha. O conhecimento está aí para ser explorado Precisamos conhecer sempre mais e compartilhar nossos conhecimentos. Produzir, pensar sobre arte é algo bom, melhor ainda é produzir e pensar com conhecimento, refletindo no que está fazendo.

Conceição Oliveira
Matr. 200606204

Anônimo disse...

Acho que há uma diferença entre os artistas natos e o artista formado em livros. o artista formado em livros, mesmo não querendo vive preso a referencias, o que não deixa de ser bom , mas eu tenhu como um processo auto destrutivo, porque uma boa parte desses artistas sentem a necessidade de igualar ou tornar superior o seu trabalho às referencias. o artista nato, não tem essa preocupação, ele simplesmente cria, porem pode cair num processo entrópico à medida em q sua arte não tem mas com o que romper já que ele muitas vezes nem sabe que sua arte está ligada a uma certa referencia.

Felipe Cabral
200505539

Edson Lima disse...

Lycurgo, acho que não consegui me fazer entender. Na parte do texto sobre o artista nato, eu concluí deixando claro que, na minha opinião, não existe o artista "puramente" nato, já que em dado momento esse artista entrou em contato com algum conhecimento formal (livros, observação de obras, reportagens e outras formas de informação).

Continuo afirmando que produzir arte é diferente de pensar sobre a arte. (não disse que são ações excludentes). Isso não inviabiliza o seu comentário, Lycurgo, de que para se produzir arte tem de se pensar arte. Para ser mais claro na lógica do meu raciocínio cito o exemplo do crítico de arte. O cara pode ser um crítico bem sucedido, mesmo sem nunca ter produzido uma obra de arte. E o cordelista, o embolador de côco, o rapper, o repentista, ele cria instantâneamente, ele não tem um pensamento prévio (no sentido do pensar, planejar) sobre o que vai falar.

Edson Lima
200606239

Carla Souza disse...

A cultura popular é um grande exemplo do produzir arte sem o conhecimento teorico. As crenças, rituais, sabedorias de cada comunidade são adquiridos durante suas vivencias e repassados para os outros, por isso chama-se de popular. Eles produzem arte sem o embazamento teorico e nem por isso deixam de produzi-la. Ao produzir arte estamos introduzindo o pensamento, no entanto uma esta interligada a outra.
Carla de Souza
200610619

Anônimo disse...

Um pensador (um artista, um filósofo, um escritor) necessariamente tem de repertório, há de ter lido muito (ou seja, tem de ser formado de livros, como a figura acima) ou, do contrário, é possível produzir idéias intelectualmente relevantes sem nunca ter tido contato com os clássicos, com as grandes obras que a humanidade já produziu?

Não. Porque na figura do artista não necessita detalhar, por não poderá ser sugestionado, o que reproduz, não é a natureza exterior, mas, sim sua própria natureza. Uma obra produzida sem ambigüidade ou, precisamente, sem imaginação, é um grande artesanato, mas ela não transmite verdade a quem a vê. Para essa assertiva, tem-se a figura de Gregório, o Grande - o papa medieval, disse: “A pintura apresenta ao iletrado o que a escrita proporciona aos que sabem ler”. Assim, reportamos aos impressionistas, que afirmavam pintar o que viam, enquanto os egípcios, o que conheciam. É exatamente esse divisor de água a diferença entre conhecer e ver (o nato e o iletrado “inculto”). Portanto, uma coisa é dar a forma, e outra, é dar-lhe uma característica. Para a primeira prerrogativa é de um pensador escolhido e a segunda se manifesta de modo incomparavelmente mais marcante nas laboriosas tentativas do escritor mais fraco.

Responda ainda: há artistas natos e iletrados? Sim, para essa assertiva, podemos pedir apoio às figuras do pintor Alfredo Volpi considerado um homem iletrado, entretanto, um artista de grande cultura visual; Volpi produziu quase setenta anos de uma pintura, que sugere ser uma evolução da arte no século XX, da pintura romântica à crise do modernismo; Leonardo da Vinci era considerado também por seus contemporâneos como um ser estranho e misterioso e até hoje ele o é. O que se pode dizer de tais homens, é que todos queriam usufruir da inteligência deles, entretanto, eles eram olhados como um “iletrado” e, por isso, inculto. Sem contar com Vincent Van Gogh

Produzir arte é algo diferente de produzir pensamento sobre a arte?

Sim, porque a arte é a contemplação é o prazer do espírito e é pelo sofrimento que nos faz pensar, produzir. Auguste Rodin definiu com muita sensibilidade o que é arte: “é a contemplação - é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam”. Portanto, o pensamento sobre a arte, não é uma coisa, pois, é no próprio pensamento, que a arte sai, e se produz “algo” que não existe, está no imaginário, no mundo das idéias, Portanto, produzir arte é criar! E a criatividade se manifesta por impulso que está na alma humana. É isso que nos distingue dos animais. Os animais estão felizes no mundo, do jeito como eles são. Só para ilustrar, há milhares de anos as abelhas fazem colméias do mesmo jeito, os pintassilgos cantam o mesmo canto, as aranhas fazem idênticas as teias, os caramujos produzem as mesmas conchas. Portanto, eles não criam nada de novo. Porque eles não necessitam, por estarem felizes com o que são. Paradoxalmente, não é o acontece conosco. Porque temos natureza essencialmente insatisfeita e curiosa. Aqui pego um gancho de Albert Camus que disse que somos os únicos animais que se recusam a ser o que são. Por exemplo, Michelangelo inventou a "Pietà"; Auguste Rodin inventou o "Beijo"; Beethoven inventou a "9ª Sinfonia", se não fora essas produções de pensamentos a partir de arte de fazê-las, essas contemplações estariam no “mundo puro”, no “mundo das idéias”.


Jucélia Maria Emerenciano Rodrigues
Matrícula 200007811

Yuri disse...

Todo artista (e todo ser humano) tem um repertório intrínseco à sua vivência. Uma educação formal lhe ajudaria a articular esse "mundo interno", mas por outro lado poderia impor certas restrições à sua expressão, restrições estas de ordem moral, religiosa, entre outras. A arte não se baseia simplesmente, como certas linguagens, em produzir idéias intelectualmente relevantes. Ela é um meio de tentar conseguir. Só não me pergunte o quê que eu também não sei.
Além disso, responder essa questão analiticamente vai de encontro à minha posição pessoal sobre arte. Muitas obras de arte apenas repetem padrões anteriores e essas não me interessam. Embora estejam dentro do código linguístico da arte, eu não conseguiria discursar sobre elas. Por isso, eu creio que para produzir efeitos (intelectuais, artísticos, sinestésicos) únicos no mundo o que faz mais diferença não é o repetório prévio, formalizado ou não, e sim o desejo de ir além de si, de seu conhecimento e vivência.
(Eu iria entrar na discussão do que é uma "grande" obra, mas ela é polêmica e esses assuntos são mais divertidos em sala de aula).
Existem artistas natos e iletrados, como já foram citados tantos exemplos aqui, vou citar apenas mais um: Hubert Selby Jr., grande autor (na minha opinião), decidiu que podia escrever porque "conseguia juntar letras e formar uma palavra".
A questão da produção do pensamento é, pra dizer o mínimo, perigosa. Falamos de pensamento aqui apenas como articulação da palavra em um sistema coerente (como a filosofia). Mas o pensamento baseado na razão não é a única possibilidade, porque ele também, em nossa sociedade moderna, se veste de outras carapuças além da coerência, como o humanismo e o utilitarismo. Assim, produzir pensamento sobre arte pode limitar o caminho do artista em alguns pontos. Mas pode lhe dar chão para saltar mais alto. Eu cedo e falo que não é possível produzir arte sem produzir pensamento sobre arte apenas se a esquizofrenia de Virginia Woolf, o alcoolismo de Charles Bukowski e a depressão de Sarah Kane contarem como pensamento sobre arte. Caso contrário, mantenho minha opinião.

Yuri disse...

YURI KOTKE CUNHA
Matrícula 200717626

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

Para ficar melhor de entender resolvi numerar as questões.

1- Produzir idéias qualquer um pode produzir, mas intelectualmente relevantes acho que não; para isso é necessário ter uma bagagem acadêmica(estudo) muito grande. Só se pode falar daquilo que se conhece, como exemplo: só quem conhece uma obra de arte pode falar sobre ela, ou seja, pode escrever uma crítica, que realmente deve ter um conteúdo estudado.
Porém me confundo um pouco, se não é qualquer um que pode fazer isso, como nós (alunos da disciplina de estética) podemos fazer isso? Pois é isso que fazemos, produzimos idéias - que a meu ver são relevantes - a respeito de algo que mal conhecemos.
2- Acredito que haja artistas natos e iletrados sim. Dentro de cada pessoa existe um artista, basta a pessoa querer fazer arte e gostar de arte. Todos nós somos artistas.
É necessário apenas querer; querer é poder!
3- Produzir é totalmente diferente de pensar sobre arte.
Como disse na segunda questão, qualquer pessoa pode, se quiser, produzir arte; ela é totalmente ascessível as pessoas. Mas, produzir pensamento é bastante diferente pois, para isso, se faz necessário ser formado em livros como a imagem; tem que ter a bagagem de que falei na primeira questão. Produzir pensamento é muito difícil, existem muitas idéias que se confundem e juntá-las num só pensamento requer muita coragem e muito estudo.

Bom professor não sei se era isso que o senhor queria, não sei se soube colocar os argumentos direito...

Anônimo disse...

Rodrigo de Paula Pessoa Freitas
Eu acredito que todos nós somos capazes de produzir grandes obras, textos ou reflexões. Porém, para que o trabalho tenha uma qualidade razoável é necessário estudar e pesquisar bastante. Assim, podemos perceber uma sequencia lógica através da história e nos posissionarmos no sentido de acrescentar algo novo e não de reinventar a roda.
Concordo com o Edson em vários sentidos, dentre eles, no que diz respeito ao fato de a que a qualidade de um pensamento está diretamente relacionada com a quantidade de leitura e diversidade de conhecimento e experiencia ao longo da vida.

Anônimo disse...

No mundo de hoje, globalizado, informado, hiperativo, conectado... diria que não é possível um artista nato, iletrado de alguma maneira há de ter tido algum tipo de influência, mesmo que inconsciente... há não ser que este artista seja de alguma comunidade isolada do mundo... Produzir pensamentos sobre arte necessita de muito estudo, pesquisa, para produzir arte isto não é obrigatoriamente necessário, basta ter algum conhecimento e experiência, mas ambos podem estar interligados, por exemplo, um artista através de sua arte pode querer passar algum pensamento, novo conceito.

Patrícia Cristina Costa Varela 200606344

Anônimo disse...

Sim, há artistas natos e iletrados. Podemos nomear muitos, se puxarmos pela memória. Entendo que existem pensadores da arte, como os críticos, por exemplo. Entretanto, o produtor da arte já expressa um pensamento que antecedeu seu fazer artístico. O artista é um eterno produtor do pensamento sobre a arte, pois tudo é uma coisa só: o próprio artista, seu pensamento - que é sua visão de mundo e sua produção - que é sua expressão, sua forma de informar seu pensamento, de materializá-lo. Não há como dissociar o artista do seu pensamento sobre a arte. Claro que é fundamental e indispensável a leitura, o estudo, a pesquisa para qualquer artista que deseje se aprofundar no universo do pensamento, mas a expressão da arte não tem, necessariamente, de partir de pessoas letradas, mas terá de partir sempre de pessoas que pensem sobre a arte.

Isis de Castro.
200610651

Anônimo disse...

A leitura na vida de um pensador é algo que contribui, mas não é uma regra.Pensadores iletradas são capazes de produzir obras intelectuais de qualidade.Um grande exemplo são os antigos filósofos, eram pessoas que tiam uma grande compreesão de mundo e procuravam respostas sobre o homem e o meio através da observacão. Daí surgiu o pensamento filosófico,tão estudado e valorizado até os dias atuais.
O poeta, cronista e cantador analfabeto, Patativa do Assaré é considerado um artista nato apesar das condicões de vida.
Pensamente sobre a arte é diferente de produzir a arte.O pensamente baseia-se na razão (na filosofia da arte) e a arte é a combinacão de sentimento, prática com imaginacão.

Anônimo disse...

Professor desculpe-me mas estava com pressa e esqueci de colocar o nome. o comentário acima é de :

Ana Paula Almeida
200610589

Obrigada.

Anônimo disse...

Toda forma de pensar está repleta de referências que conseguimos acumular no decorrer da vida. Ao expor qualquer forma de juízo elas se fazem presentes como parte do pensar. Ao questionar se um pensador tem que necessariamente ter lido muito para se produzir idéias relevantes, diria que não, idéias relevantes são produzidas mesmo quando não se tem uma formação erudita, se não o que falar dos artistas populares (cordelistas, violeiros, repentistas) que dentro da sua arte produz obras significantes? Estes artistas trazem dentro de si o que aprenderam com o pouco de informação que teve acesso e mostram que existem sim artistas iletrados e natos, pois mesmo com o quase desaparecimento dessa arte se mostram fieis ao que consideram naturais a eles.
A idéia de se fazer arte está diretamente atrelada ao fato de se pensar arte. Seria complicado se fazer arte sem antes ter um pensamento do fazer artístico, ou produzir arte sem incitar depois um pensar sobre a arte. Acho que ambas as idéias estão ligadas não diferenciadas uma necessita da outra.

Camila Maria Grazielle Freitas
200717430

Anônimo disse...

1) Acredito sim na possibilidade de gerar pensamentos, idéias relevantes sem ter antes uma "bagagem" cultural acerca do assunto ao qual trato. Somos seres pensantes, nossa natureza nos leva a pensar sobre tudo e isso independe de termos ou não uma enciclopédia de A a Z em nossas cabeças. Acho vago demais dizer que a idéia de uma pessoa que não teve estudo nenhum é uma idéia irrelevante, pois se for assim porque nós que ainda também não temos uma bagagem cultural grande discutimos sobre assuntos com o que é a estética ou sobre o que Nietsche quis dizer com tal frase. Não temos conhecimento total sobre esses temas, aliais nunca teremos, pois é impossível ter uma enciclopédia de A a Z, assim por dizer, em nossas cabeças. Com base nisso concordar com a possibilidade de que uma idéia, um pensar de alguém sem estudo não é relevante, é afirmar que todos somos incapazes de termos idéias relevantes, isso, pois nunca saberemos tudo acerca de tudo. Toda idéia, todo pensar é relevante só do fato dele existir, mas claro que com o estudo aperfeiçoamos esse pensar e essas idéias.
2) Existem sim pessoas predispostas à arte, artistas natos que não estudaram sobre arte. Uma pessoa que desde muito cedo mostra aptidão pra o desenho, para pintura, a musica, a literatura e etc., sem ter antes uma "aula" sobre esses segmentos, é um artista nato, tem um "dom" assim por dizer. Afirmo que ter um dom é sim algo possível, mas com o estudo esse dom pode ser aperfeiçoado, tornando essa pessoa melhor naquilo ao que já tem uma predisposição de fazer bem feito.
3) Produzir arte e produzir pensamento sobre arte são coisas completamente diferentes uma da outra. Produzir arte é pintar um quadro, escrever um livro, interpretar um personagem e etc., produzir pensamento sobre arte é gerar um pensamento incitado por uma obra de arte seja ela o que for(pintura, fotografia, musica, livro e etc.). Diogo 200505006

Anônimo disse...

VANESSA KALINDRA LABRE DE OLIVEIRA
MAT:200717600

Eu até acho possível a construção intelectual, por parte deste nomeados “iletrados”, enquanto análise argumentativa sobre um determinado objeto artístico, mas eu acredito também que essa análise é de cunho limitado.
Aqueles que são capazes de construir intelectualmente suas concepções sem possuir uma base das obras históricas do desenvolvimento do pensamento humano o fazem partindo das raízes que possuem, ou seja, de sua visão de mundo alicerçada no seu contexto histórico-político-sócio-religioso. A identificação destes argumentos para com aqueles que não habitam o mesmo contexto se dá, então, de forma fragmentada.
Nesse sentido eu acho que o argumento, não tanto na a Arte (principalmente pensando na pós-modernidade), mas principalmente na filosofia, necessita de raízes semelhantes, ou seja, de articulação e embasamento teórico que inter-relacione mais que o contexto histórico do indivíduo, é preciso articular os signos de todo um sistema que pré existe a ele, num diálogo constante entre o referencial e o autoral.
Quanto a possibilidade de haver artistas natos e iletrados, acredito que sim. Mas penso também que a arte dessas pessoas não se sustenta por si só, é preciso dialogar mais do que com apenas sua interpretação ou sua carga interior subjetiva. Aos poucos, creio eu, a melhor estruturação desses referenciais se faz necessário, sendo bem pessoal, quase que desenvolvendo a ingenuidade dos primeiros contatos (não que isso seja necessariamente ruim), instigando novas possibilidades, alçando vôos.
Sobre a o último questionamento...bem, acho que é diferente sim. Quando penso na pintura hoje por exemplo, acredito ser possível pintar uma quadro baseado no abstracionismo sem necessariamente entender todo o processo que gerou esse tipo de expressão artística. Pensar sobre arte, nesse contexto, seria compreender toda a escala inicial da pintura enquanto representação do real, e as alternativas encontradas devido a crise a qual é submetida com a origem da fotografia consolidada com surgimento do cinema.
Bom, acho que é isso.

Anônimo disse...

ANDRÉ LUIZ RODRIGUES BEZERRA
MAT: 200717405


Acredito que a idéia de “repertório” possibilite àquele que constrói a obra uma rede de interconexões mais ampla a partir dos referenciais estabelecidos por uma tradição de pensamento contiguamente construída sobre determinados aspectos que compõem uma grande área que os engloba. Mas, desta forma, também acredito que não só a perspectiva revisionista de um repertório permita ao pensador uma leitura e concatenação privilegiada de idéias, mas o próprio trabalho do sujeito sobre os signos que detém, sem o estreito contato referido na questão, e a aplicação destes padrões sígnicos inumeráveis vezes constituem em si uma ampliação interior do repertório característico da experiência deste e uma perspectiva esquizomórfica de ampliação da própria linguagem através do irromper de si por uma potência investida que põe em consonância o plano da expressão artística e o da vida, de modo que a expansão possível está sempre para além de, e o que resta, na minha opinião, é propor a fragmentação estilística das divisões partiturais que anunciam os repertórios plausíveis e ater-se a um só ponto no que resta e no que anseia, onde quer que isso esteja. Acredito que até onde sei existem artistas iletrados sim, natos ou não. E creio que seja sim possível produzir arte sem necessariamente gerar um contingente de pensamento a respeito desta, o que implica dizer que é possível sim a intersecção destes fatos, mas que estes não necessariamente se articulam num sistema causal.
(Eu me virei e o banco traseiro do carro arrancou meu dedo enquanto eu tentava levantá-lo. No jornal mostram como ele faz isso utilizando uma cenoura. É como espirrar com a boca cheia de geléia. Só que agora tem um buraco na mão por onde vaza a coisa toda).

Gostaria de finalizar utilizando um conto de Caio Fernando Abreu, no seu livro “O Ovo Apunhalado”, citando antes as respectivas epígrafes que antecedem as três partes nas quais o livro se divide.

ALFA
“They are playing a game. They are playing at not playing a game. If I show them I see they are. I shall break the rules and they will punish me. I must play their game, of not seeing I see the game.”
(R. D. Laing; Knots)

BETA
“Estive doente
doente dos olhos, doente da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram mulheres formosas
da boca que disse poemas em brasa
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente estou em repouso, não posso escrever.
Eu quero um punhado de estrelas maduras eu quero a doçura do verbo.”
(De um louco anônimo — transcrito por Caco Barcelos na reportagem “Crime e loucura “, publicada na extinta Folha da Manhã, Porto Alegre, RS.)

GAMA
“Curioso es que la gente crea que tender una cama es exactamente lo mismo que tender una cama, que dar la mano es siempre lo mismo que dar la mano, que abrir una lata de sardinas es abrir al infinito la misma lata de sardinas.”

(Julio Cortázar: Las armas secretas)


Uma veste provavelmente azul

Eu estava ali sem nenhum plano imediato quando vi os dois homenzinhos verdes correndo sobre o tapete. Um deles retirou do bolso um minúsculo lenço e passou-o na testa. Pensei então que o lenço era feito de finíssimos fios e que eles deviam ser hábeis tecelões. Ao mesmo tempo, lembrei também que necessitava de uma longa veste:
uma muito longa veste provavelmente azul. Não foi difícil subjugá-los e obrigá-los a tecerem para mim. Trouxeram suas famílias e levaram milênios nesse trabalho. Catástrofes incríveis: emaranhavam-se nos fios, sufocavam no meio do pano, as agulhas os apunhalavam. Inúmeras gerações se sucederam. Nascendo, tecendo e morrendo. Enquanto isso, minha mão direita pousava ameaçadora sobre suas cabeças.

Anônimo disse...

Camilo de Lelis M. do Nascimento
Mat.: 200710729

A produção de um pensamento ou de uma arte relevantes não está ligada, necessariamente, à bagagem intelectual que se foi adquirindo pela leitura ou estudo dos clássicos. Penso que o ser humano é dotado, por natureza, da capacidade de criar, de inovar, de pensar a realidade. O espanto diante do mundo é, por si só, a mola propulsora do pensamento, da reflexão filosófica. Isto está bem claro na frase do filósofo norueguês Jostein Gaarder, no seu livro Maya, onde diz que “existe um mundo. Em termos de probabilidade, isso é algo que esbarra no limite do impossível. Seria mais fidedigno se, por acaso, não existisse nada.” Ou seja, o espanto diante da própria existência faz com que os filósofos comecem sua jornada em busca da verdade última de todas as coisas; faz com que o artista, impressionado com o mundo que o cerca, queira traduzir sua admiração através de um quadro, de uma escultura, de um poema, de uma expressão corporal. Tudo nasce da contemplação do mundo, da sensibilidade perante o mistério da existência. Para exemplificar o que foi dito acima, penso em Patativa do Assaré. Nascido no sertão do Ceará, teve apenas quatro meses de estudos formais e, no entanto, produziu uma obra poética de grande importância, tanto regionalmente quanto nacionalmente. Seus poemas são estudados mundo afora, pois contêm elementos universais, que dizem respeito a todo gênero humano. Este poeta escreveu tragédias e comédias, falou sobre política e filosofia e até desafiou outros poetas. Que leitura prévia teve este homem? Que clássicos terá lido? A meu ver, soube ler o mundo, a natureza, tocou o mistério do homem e de Deus; mergulhou num mar de rimas e expressou idéias e pensamentos de alcance universal.
Fazer arte é totalmente diferente de pensar a arte. No entanto, o estudo, a leitura, a reflexão filosófica ajudam a ampliar horizontes, laçam luz sobre pontos obscuros e nos levam a romper padrões, a criar e a inovar.

L.A.G. disse...

O que é arte ? Uma emoção estética, ou a sensação de beleza, é a admiração inconsciente ou consciente pela inteligência de uma organização formal. Em linguagem clara e precisa, uma relação efetivamente próxima entre estética e inteligência.
De Sócrates a Charles Baudelaire e Marcel Duchamp, são 2 mil anos de História. E os conceitos,definidos sobre Arte são infinitos e destacam a variedade dos princípios estéticos e das funções da obra. Todo conhecimento é valido, não é do dia pra noite que se forma um pensador em artes, da mesma forma que demora muito tempo para se formar um artista.

Leandro Alves Garcia
200606310

Anônimo disse...

No meu comentario para esta questao nao havia colocado a matricula :)
Rodrigo de Paula Pessoa Freitas
mat 200710907

Anônimo disse...

Que dizer de Felinto Lúcio, Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense,
e de tantos outros "doutos ignorantes". Eles confirmam ou invalidam a regra de que é preciso ler e estudar bastante para ser artista?

Ricardo Wagner de Araújo 200710893

Unknown disse...

É possível produzir obras culturais e de representatividade individual que sejam relevantes e consideradas artísticas sem necessariamente o sujeito ser formado. Essas possuem alí uma identidade com significados diversos que retratam muitos vezes a alma do artista em seu estado emocional. Destaco aqui como exemplo a romanceira, Dona Militanía, que reside no munício de São Gonçalo do Amarante e produz belíssimas obras em seus romances. Ela foi homenageada, colocada entre as cem mulheres em destaque do Estado do Rio Grande do Norte.

Unknown disse...

ANDREIA SILVA DE MELO
200610597

Anônimo disse...

Mesmo concordando com o que foi posto, ainda credito que possa existir pessoas com talento nato.

A nossa arte contemporânea, conceitual, necessita de um forte conceito/idéia para ter algum valor artístico. Esse conceito é retirado de muita leitura e conhecimento de vida, arte, política, etc,. Mesmo assim, ainda há pessoas produzindo arte sem nunca terem lido um livro. Como isso é possível?

Gosto de pensar que a arte é a essência da vida humana. Como tinha sido dito, algumas pessoas não conseguem, ou melhor, ficam inquietas com o simples fato de existir. Dessa forma, procuram alguma coisa a mais. Para isso, não é necessário um conhecimento teórico, apenas uma vontade interna.

Como falava os Dadaístas:
"Arte pela arte!"


Daniel E. Sonehara Muller
200606220

Anônimo disse...

É prudente esclarecer,antes de mais neda,que existe uma singular diferença entre artíficie e pensador.Não podemos coloca-los no mesmo bojo intelectual,pois nas esferas subexistem diferenças no que conserne à composição e o trabalho inerente ao objeto das duas disciplinas.A arte é livre,não possui muros é despótica,subjetiva.Já o pensamento é rigoroso,estreito em seus conceitos,depende,via de regra,do conhecimento prévio de todo um arcabouço teórico relevante
para seu desenvolvimento estrutural.A arte já não possui esse estreito comprometimento com o conhecimento teórico daquilo que normalmente cham´-se técnico de arte.A arte muitas vezes aparece como dom,é inata e isso não depende de escolaridade.Sendo assim, a arte é randomica,não sistemática,instintiva,visceral.Ao passo que o pensamento é moroso,acumulativo,mais presoaos seus conceitos,dependente e unicamente realizado com maestria por aqueles que tiveram a oportunidade de analizar os textos clássicos,medievais,modernos e comtemporâneos.Pois sem isso o pensamento fica fraco,inerte,sem embasamento e padece diante das dificuldades inerentes ao conhecimento teorético.Desta maneira,pode-se concluir que há nada menos que uma diferença considerável entre produzir arte e produzir o pensamento sobre a arte.Aquela não necessita de teoria, já este apenas é possível com o rigor da leitura.
Thais Henique Ferreira
Matrícula-200611062