sexta-feira, 11 de abril de 2008

Décima Quinta Questão de 2008.1: "Minha Vida sem Mim" e "A Terceira Margem do Rio"

Em que sentido Ann, personagem de Sarah Polley no filme "Minha Vida sem Mim", esteve na terceia margem do rio? Para entender melhor a questão, reflita sobre o conto "A Terceira Margem do Rio", de J. Guimarães Rosa.

25 comentários:

Edson Lima disse...

Tanto em "A terceira margem do rio", quanto em Minha vida sem mim" os personagens centrais se viram numa espécie de encruzilhada "moral". Continuar tendo uma vida racionalmente certinha, mesmo sabendo que a morte estava próxima? (no caso de Mary Ann) ou deixar de ser humilhado no caso do personagem de Guimarães Rosa. A personagem do filme ao constatar que tinha pouco tempo de vida resolveu viver o que ainda não tinha vivenciado, experiências diferentes, sem comunicar nada à família. Pode-se dizer que teve uma vida mais rica emocionalmente. O personagem do conto, ao cansar de ser humilhado, menosprezado, partiu para uma mudança radical. Após essa mudança conseguiu ser notado, respeitado e sentido pela sua ausência. As pessoas à sua volta começaram a sentir sua falta. Somente quando o filho decidiu substituí-lo foi que ele deu sua missão como cumprida fazendo movimentos de aproximação com a família. Mas, o que os levou a isso? Eu diria qua a falta de perspectiva é a força motora que os levou a optar pela terceira margem do rio.

E#dson Lima
200606239

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

Acredito que Ann esteve na terceira margem do rio na medida em que, igual ao senhor do conto, escolheu ficar sozinha. Ela optou por não contar a ninguém sobre sua doença, o único que sabia era o médico; da mesma forma, no conto dá-se a entender que só quem sabia sobre o motivo da reclusão dele era o senhor que fez a canoa.
Colocarei aqui algumas considerações sobre o filme.
Chegou-se a conclusão na sala de aula de que a personagem do filme não tinha uma vida esteticamente apreciável, porém acredito que ela tinha sim. Ela fez uma escolha, foi ela quem resolveu se casar e ter filhos, ninguém a obrigou, não acredito que ela tenha se arrependido do que fez, tanto que a coisa que ela mais preza e ama no mundo é o marido e as filhas.
Receio que a mudança que ela escolheu fazer no final da vida foi um momento de fraqueza. Fazer um homem se apaixonar por ela (levando-o ao sofrimento ao saber de sua morte) e trair o marido é, simplesmente, um sintoma dessa fraqueza. Até mesmo o uso de drogas (o álcool é uma droga lícita) revela essa fraqueza.

Anônimo disse...

Por se encontrar em situação singular assim, de completa solidão e compreensão sua propía realidade. Apreendo a terceira margem do rio como sendo um estado do "Eu". Por que ann se voltava muita mais para si, igualmente como o pai do conto de Guimarães Rosa ao transporta-se para a terceira margem.


Leilane Antunes
200706357

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

Olha Edson, se ter uma vida mais rica emocionalmente é sentir emoções diferentes das que já tenham sentido eu concordo com você.
Se não, eu não concordo que após vivenciar experiências diferentes a personagem do filme passou a ter uma vida mais rica emocionalmente.
Muito pelo contrário, ela passou a sofrer mais e a fazer os outros sofrerem.

L.A.G. disse...

Eu tive um olhar diferente sobre " A terceira margem do rio", na minha opinião quem viviu na terceira margem do rio foi o locutor, filho do senhor que construiu a canoa. Pois, ninguém se importou de fato com a decisão do velho homem de ir embora e viver sozinho, mas seu filho diferentemente transformou sua vida em uma terceira margem do rio na vida de seu pai e passou a viver em função disso. Enquanto os outros estavam vivendo suas vidas, construindo uma nova família no caso de seus irmãos, lá estava ele sendo uma reles sombra, acompanhando a vida de seu pai como espectador e deixando a sua de lado. Em "A minha vida sem mim", Ann ao saber que estava condenada a morte decidiu fazer na medida de sua vontade coisas que não estavam em seus hábitos cotidianos como beber e fumar. E ousou fazer coisas que ainda não feito como transar com outro homem e fazê-lo se apaixonar por ela. Ann usou todos em sua volta, seu marido, seu amante, a vizinha, o médico. Mas quem assiste ao filme não vê seus atos como imorais ou transgressores porque Ann esta com os dias contados: "coitadinha vai morrer", "ela tem que aproveitar seus últimos momentos", mas esquecem que todos vamos morrer. É estéticamente apreciável, ver os últimos momentos de uma mulher moribunda sendo liberta para os prazeres da vida. Mas se Ann não estivesse condenada continuaria tendo uma vida mediocre, e a qualquer momento poderia ser atropelada por um ônibus (exemplo péssimo), morrer e sua vida teria passado sem experiências simples que porém para ela foram singulares. Então devemos esperar saber a hora de nossa morte para aproveitarmos a vida?

LEANDRO ALVES GARCIA
200606310

Edson Lima disse...

Anninha, quando me refiro a vida emocionalmente mais forte não me refiro se é ético ou não. Mas a verdade é que ela tinha uma vida certinha, sem maiores contratempos que se limitava a trabalho, família, trabalho. Ao se abrir para novass emoções (o amante, as saídas para dançar, beber, por exemplo) ganhou, ou não, mais riqueza emocional?

Edson Lima
200606239

Anônimo disse...

Ann estaria na terceira margem do rio quando decide de que maneira viveria seus últimos dias, não contando sobre sua doença, isolando seu problema das outras pessoas, se isolando com sua missão, sua lista... como também o isolamento do personagem pai do conto “ A terceira margem do rio”, que escolheu viver a margem da vida. Ambos os personagens demonstram vontade de controlar a própria vida.
Patrícia Cristina 200606344

claudia maldonado disse...

No texto "A Terceira Margem do Rio" vejo a atitude desse pai mais como uma fuga da vida que ele levava na fazenda. O rio silencioso o atraiu. Ele não estava doente porque o tempo passou e mesmo vivendo de forma precária ele continuou vivo. Ele fez uma opção, enquanto podia, de como iria viver o "resto" dos seus dias. No filme, Mary Ann precisa decidir como iria fazer diante da vida que fugiu dela. Mesmo que ela fizesse uma canoa, seu tempo estava definido. Foi importante ela falar dos seus sentimentos porque que as suas filhas e o seu marido ficassem melhor. Esse dizer fez falta para aquele filho que ficou sozinho na fazenda imaginando mil coisas porque o pai partiu silenciosamente. Será que cabe um julgamento quando alguém define o seu viver? Acho que não porque as consequências do ato recaem sobretudo sobre ele mesmo.

Anônimo disse...

Eu estou respondendo, estou tentando..mas não dá!Não consigo fazer uma comparação entre o filme e o texto!
Qual a ligação entre um homem que enlouqueceu (para mim foi isso que aconteceu com ele)e uma garota que resolveu fazer coisas que não fazia, quando descobriu que tinha pouco tempo de vida??

CAROLINE MICHELLE FIGUEIREDO PEREIRA

200606174

Unknown disse...

A personagem de Sarah Polley esteve na Terceira Margem do Rio porque no momento em que descobre sua doença ver-se sem chão.
Ela percebe que -o consumo e a ganância por objetos, roupas e utensílios- é supérfluo, nada importa. A vida é o que lhe é mais importante, mas já que ela não a pode mais ter, então não há mais nada que lhe valha à pena.
Ela reza e não sabe nem mais o porquê está rezando, apenas reza.
A personagem espera que todos porque tem maior apreço possam aproveitar o que ela não poderá.
A Terceira Margem do Rio retrata como se Ann estivesse vivendo num barco, por não mais encontrar suas Margens, sem o comando da vida, apenas levada por um Rio.

ANDREIA MELO
200610597

Anônimo disse...

Felipe Cabral 200505539


Perguntinha complicada essa!!!

Minha Vida sem Mim X Terceira Margem do Rio

Acho que Ann, se comporta como o pai, voltando-se para sí, ambos abordao a solidão como tema principal, porém, ann descobre-se perto da morte e por isso recolhe-se em si mesma. o pai do conto recolhe-se por uma talvez necessidade de auto conhcimento,. acho que´por isso ann se enontra n 3ª margem do rio.

Anônimo disse...

Se manter longe da vida foi a escolha de Ann e do pai no conto de Guimarães. A diferença das suas escolhas é que enquanto um resolve como solução tirar a vida o outro se mantém distante de qualquer relação social que te leve a viver. A vida pela qual ambos os personagens se distanciaram, é repleta de absurdos. Essa vida é absurda se formos pensar na imensa solidão que se vive. Nesse ponto concordo com Anatol Rosenfeld quando ele coloca que a solidão do homem moderno é a da massa solitária, o mundo deixa de adquirir significados e torna-se vazio. Ann não via na sua vida nada que pudesse lhe fazer continuar a viver, tudo havia perdido seu significado.
A metáfora da terceira margem do rio explicita essa relação na qual o sujeito se mantém alheio ao que se passa, ele deixa de se impor, e passa a adquiri uma posição passiva diante os fatos.

Camila Maria Grazielle Freitas
200717430

Anônimo disse...

Em ambos os casos os personagens se viram diante de encruzilhadas existenciais densas e entendo que o momento de decidir o que virá a seguir é a verdadeira terceira margem do rio. É aquela que "não existe", que tem de ser criada de uma forma diferente, superando tudo que já foi visto e vivido e vislumbrando o novo, o inusitado, aquilo que tem, de fato, valor. O que, de acordo, com cada um, deve ser preservado. Nunca é fácil, pois muitas crenças, dogmas, "certezas", têm de ficar para trás. Lembrei-me de um livro que li há muito tempo atrás - Sem tesão não há solução - de Roberto Freire, onde aprendi que "todas as coisas vivas têm começo, meio e fim." Nem sempre conseguimos entender isso em totalidade.

Isis de Castro. - 200610651

Anônimo disse...

Em que sentido Ann, personagem de Sarah Polley no filme "Minha Vida sem Mim", esteve na terceira margem do rio? Para entender melhor a questão, reflita sobre o conto "A Terceira Margem do Rio", de J. Guimarães Rosa.


Sim. Ela esteve na terceira margem do rio. Para se iniciar essa argumentação a terceira margem do rio, se dá porque essa expressão provoca o entendimento a fim de despertá-la para o mundo do inconsciente, do abstrato. Portanto, a terceira margem é aquilo que não se vê que não se toca que não se conhece.

Partindo desse pressuposto de que Ann, personagem do filme “Minha Vida Sem Mim”, esteve na terceira margem do rio, pelo simples fato de que a sua travessia se deu pelo grito mudo – o silêncio. Silenciosamente a protagonista fez o seu percurso até o final de sua existência. Pois bem, quando ela contempla, já estava habitando na morada do silêncio. O discurso é o do silêncio do rio - a margem. Nessa travessia, ela apresenta que já tinha uma predisposição ocasionada pela afinidade de sentir a “água gelada” para se “sentir viva”. Assim, ela contemplava um leve e doce suspiro de valorização à vida, de valorização ao que se tem de mais valioso: a certeza da vida e da morte. Nesse contexto, remetem-nos a refletir “que a única certeza que se tem aqui na vida – é a morte”. Porque, somos sentenciados à morte.

Fazendo a conexão com “A Terceira Margem do Rio”, trás um desfecho profundamente triste: o filho corre do pai e, conseqüentemente, dos sofrimentos que teria de passar, caso tomasse seu lugar na canoa. Essa atitude traz ao personagem um completo fracasso da vida, além do sentimento de culpa. Apenas, resta-lhe a experiência da morte iminente diferentemente do filme a “Minha Vida Sem Mim”. Para “A Terceira Margem do Rio” apresentam-se dois protagonistas - o homem da canoa (pai), onde ele mesmo manda construir a sua canoa, para seguir o curso natural da vida, despede-se da família sem palavra alguma e parte, tornando-se rio... “Rio abaixo, rio acima”, o pai, desfigurado de tempo, transforma-se em paisagem enquanto, à margem, o filho acompanha sua trajetória e tenta definir os porquês. Dessa forma, a rotina incorpora o mistério: a morte, que não pode desvelada.

Para os desfechos “A Terceira Margem do Rio” os fatos têm-se:
(1) A família se adaptou à nova realidade, criou novas margens para o curso cotidiano, nascimentos e mortes marcaram o tempo, e o que os outros falam preenche o pensamento da família. A culpa permeia os sobreviventes, mas todos se calam diante do silêncio da terceira margem. O homem e o rio... Todos fingem não perceber a loucura - a lucidez é rendida pela culpa.

(2) Por que o homem abandonou a margem para ser meio de rio? Penso que foi pelo alto grau de lucidez que ele tinha a respeito da vida e da morte, e não reagiu por ele ter conhecimento de que deveria ir ao encontro desse profundo mergulho das águas – a contemplação, que só ele é que poderia fazer esse mergulho para morte.

(3) Por que o filho abandonou a travessia para ser margem? Penso que ele foi levado a questionar o próprio existir humano. Sem destino, não há mais origem... A vida desmorona em frágeis margens... O homem, o filho, o rio... Paisagens coisificadas no mundo, homens lançados à margem de qualquer possibilidade.

Partindo dessas premissas, têm-se alguns contrapontos entre a personagem Ann e do homem da canoa.

Para apreciações se têm que:

(i) A personagem Ann é um ser humano bom, no entanto, ao silenciar a sua doença para a família e depois resolve fazer a sua "lista de compras" são atitudes a princípio, egoístas, mas o espectador acaba compreendendo e apoiando até mesmo o envolvimento extraconjugal acaba sendo perdoado. Para tal aceitação, penso em nenhum momento caiu na autocomiseração, na auto-piedade ou resvala para o condescendente, havendo assim, o equilíbrio em todos os pontos retratados. Em contrapartida, em o conto “A Terceira Margem do Rio” narra a história de um homem que evade de toda e qualquer convivência com a família e com a sociedade, preferindo a completa solidão do rio, lugar em que, dentro de uma canoa, rema “rio abaixo, rio a fora, rio a dentro”. Por contradizer os padrões normais de comportamento, ele é tido como um desequilibrado.


(ii) Fazendo paralelos entre eles, mostram-se que:
(a) Conscientemente, ela se obriga a carregar seu segredo, se libertando por seu novo senso de controle, uma nova jornada emocional a conduz a lugares inesperados e dá à sua vida um novo significado: os momentos de carinho, as emoções voláteis que ela tem que manter para si, o reconhecimento que ela passa a ter o poder de entender, o exame de sua própria vida – o eterno retorno.
(b) Ela apresenta ser tão forte e tão frágil, como qualquer um de nós, que ama as pessoas ao redor e tem sua lista de tarefas para cumprir, como todos nós, eles parecem ser frágil e encontram o drama irreversível de quem é surpreendido pela vida no bater de sua porta - A morte. Enfrenta sozinha e em silêncio com a doença e a despedida de todos que ama (Temporal). Sem dramatizar o drama. Sem cair no lugar comum do desespero consciente.
(c) Propõe-se Guimarães Rosa, “A Terceira Margem do Rio”, “o recomeço, a recriação de cada margem de origem e a transformação do destino em um novo porto inicial” - o eterno retorno. Construiu dois personagens principais - o homem da canoa (pai) e o filho. Trazendo à tona a realidade, que são tantos os rios passíveis de travessia... E também tantas margens... Reticente, a linguagem demonstra a possibilidade de navegação dos grandes rios.
(d) As ações deles foram molas propulsoras através das diversas etapas atravessadas por eles mesmos, que demonstram a grandeza dos grandes navegadores, levando ao clímax meditações sobre a vida, seu fim, e faz pensar e planejar seu tempo restante. Assim, seja o tempo dois meses, alguns anos ou décadas. Como se fosse possível calcular algo assim...


Assim, tanto o filme “Minha Vida sem Mim" como o conto "A Terceira Margem do Rio” surpreende-nos a forma encantadora, delicadeza e leveza ao tratar de um assunto tão sério como à vida e a morte. As reflexões aqui trazidas a respeito da morte construídas para esses personagens e suas atitudes, tomam para si, ao perceber a fragilidade da vida e o poder de transformá-la. Nesse contexto, não existem coadjuvantes, todos fazem partes de peças dramáticas: a fuga do próprio eu; a inconsciência de si mesmo e a auto-sabotagem. Pode-se dizer que todos contribuíram para que apenas um deles fosse exaltado a sua própria sina: o caso da Ann e o homem da canoa.

Portanto, pode-se dizer que esse assunto é muito instigante e leva-nos as reflexões sobre os temas vida x morte. Todos esses protagonistas apresentaram-se ser forte o suficiente para fazer-mos refletir sobre o que realmente importa em nossas vidas. Nesse passo, tanto para Coixet, que encontrou na sétima arte, a construção de seus personagens, permitindo que todos tivessem intimidade conosco, e vivesse naturalmente em nosso cotidiano revelando um papel importantíssimo em saber discernir o grau de interatividade que se tem entre a vida e as ações; de pessoas ditas esteticamente apreciáveis e não apreciáveis; mostra ainda a distinção entre as duas classes de comportamento do homem em ser esteticamente apreciáveis e não apreciáveis e, podendo eles, trazerem lições de caráter vital como à morte; tempo; água; silêncio; capacidade de suportar as vicissitudes dessa vida enfrentadas pela sociedade atual, bem com suas benesses ou não sempre à mercê da própria sorte, proporcionadas na maioria das vezes em pequenas coisas do cotidiano, e não apenas no impulso consumista e materialista que reina atualmente. Desta feita, Pedro Almodóvar e Guimarães Rosa foram brilhantes.

Jucélia Maria Emerenciano Rodrigues
Matrícula 200007811

Anônimo disse...

Bom, a personagem se encontra na terceira margem do rio a partir do momento em que ela descobre que esta doente, dando a ela a certeza da morte sem esperança de conseguir desviar da mesma. Desse modo, ela passa a encarar a vida como devia, vivendo.
A cegueira temporária na qual ela vivia ("acordar, comer e dormir") fazia com que ela não percebesse o quão ínfimo é o tempo de vida de uma pessoa, e o quão importante é saber que o tempo é curto e assim aproveitar ao máximo o viver. A personagem não vivia, ela sobrevivia, e quando ela se da conta de que vai morrer e rápido, ela resolve realmente viver.
Com o personagem do conto já é diferente, ele percebe que nunca será valorizado ao manter-se constantemente naquela situação, sendo menosprezado pela família. Assim, decide "abandonar" seus familiares, que finalmente dão a ele seu valor.
Mesmo sendo duas situações diferentes, os dois personagens, tanto a do filme quanto o do conto, se colocam na 3ª margem por perceberem que determinada situação não mudará, será sempre do mesmo jeito a não ser que tomem uma atitude.
Diogo 20050050006

Anônimo disse...

Aí vai meu comentário

Consegui perceber que enquanto Ann gravava as fitas e preparava sua partida, era como o pai que preparou sua canoa. Deveria ser especial e ser para sempre, como cada mensagem gravada, cada momento vivido por Ann.
Ela tentou distanciar-se de sua vida comum, rotineira, para viver algo que ela desejava fazer e que por questões éticas ou morais não o fez. Naqueles momentos creio que ela esteve na terceira margem do rio, vivendo uma outra vida, sozinha com sua dor, sem dividir com ninguém seu sofrimento.
O texto em momento algum o texto relata o motivo que fez o homem partir. Penso que ele deduziu que não tinha nenhuma importância para os que o rodeavam.
Paro para refletir: - Será que vivermos uma vida falsa? Será que reprimimos nossos desejos e anseios por causa da sociedade? Até que ponto julgamos o que é certo ou errado sobre que fazemos, ou o que os outros fazem? Será que precisamos passar por uma situação de perda para dar valor as coisas que estão a nossa volta?
Creio que não adianta ficar na terceira margem do rio.

Conceição Oliveira
Matr. 200606204

Anônimo disse...

“A terceira margem do rio” fundamenta-se na narração do personagem filho a respeito do pai e de si mesmo.
O pai parece ter sido “homem cumpridor, ordeiro, positivo” desde menino. No entanto, uma carcterística marcante em sua vida foi a do silenciamento: “Só quieto”, qualidade esta que o tornará, no percurso do conto, um ser indecifrável pelo narrador. A obra inicialmente apresenta o personagem pai como um homem dentro das convenções. No filme, a personagem Ann,ao saber que estava prestes a morrer, resolve também silenciar e mergulha fundo nos seus desejos ainda não realizados, rompendo, muitas vezes, com as regras sociais (o amante, p.e.), causando uma ruptura no mundo racional, produzindo uma sombra existencial. No conto, como no filme, o silêncio ganha
muita relevância.Ann, assim, conscientemente, mergulha totalmete no seu interior.
Na "terceira margem do rio", a família acreditava numa possível “doideira” do pai, apenas por este ter assumido um estado diferente.
No filme, é a própria Ann que sente isso.

Outro aspecto importante dos personagens, do conto e do filme, é o papel da solidão vivida por ambos. O pai e Ann livres, soltos dos preceitos dos homens, todavia, pagaram o preço da solidão.

Assim a experiência de “A terceira margem do rio” e de "Minha vida sem Mim", subverte os limites perceptivos que distinguem o familiar do estranho, o real do alucinatório, o vivo do morto, e o racional do louco, ou seja, a terceira margem.
Ricardo Wagner de Araujo 2007.10893

Anônimo disse...

De certa forma ao esconder seu sofrimento de todos Ann fez uma escolha pela fuga do racional e um mergulho interior buscando a satisfação pessoal independente do que os outros pensassem,o pai do rapaz resolveu ficar a margem da vida fugindo também do racional mas também envolvendo de certa forma o filho em sua fuga.
Por motivos diversos eles de maneiras também diferentes fugiram do convencional e ficaram na terceira margem do rio da vida.
Norberto mat 200611283

Anônimo disse...

ANDRÉ LUIZ RODRIGUES BEZERRA
MAT. 200717405

Acredito que Ann do filme “minha vida sem mim” assim como o pai no conto de Guimarães Rosa esteve sim na já tão mencionada terceira margem do rio. A personagem ao descobrir-se doente resolve não optar por uma morte lenta e paliativa, opta pelo fardo mais pesado, conviver com sua dor, afirmar-se diante da vida tal qual seus desejos e anseios verdadeiramente a impulsionam, colocar-se diante do frio das horas e sentir as marteladas dos passos, pois é o mais próximo da vida que se pode estar, eterno retorno ou não, dia-a-dia. Da mesma forma que o pescador a personagem do filme chega a um ponto em sua vida que poderíamos chamar de esteticamente apreciável, segundo o discutido em sala de aula, optando não pelas duas margens, causa e objetivo, que a razão prevê, mas dispondo-se num estar a caminho, indo de encontro às coisas, as palavras, aos atos intransigentemente necessários a manutenção da vida em seu sentido mais agudo. Viver não com um objetivo pré-selecionado e um esgotamento mofino do próprio corpo enquanto as melhores atitudes são adaptadas ao padrão do tempo alheio, onde se pisa na própria fome para se encolher as ações ao dissabor dos olhos de terceiros, viver afirmativamente e completamente modificado por algo que parece incompreensível ao olhar da audiência que uiva e berra os desvios que lhe cabem. Para encerrar gostaria de justapor essa atitude de Ann e do “pai” com uma citação do livro “Um Copo de Cólera” de Raduan Nassar, que creio acrescente e revele um pouco mais a atitude afirmativa a qual me refiro:

“Sim, eu, o extraviado, sim, eu, o individualista exacerbado, eu, o inimigo do povo, eu, o irracionalista, eu, o devasso, eu, a epilepsia, o delírio e o desatino, eu, o apaixonado, eu, o pavio convulso, eu, a centelha da desordem, eu, a matéria inflamada, eu, o calor perpétuo, eu, a chama que solapa, eu, o manipulador provecto do tridente, eu, que cozinho uma enorme caldeira de enxofre, eu, sempre lambendo os beiços co’a carne tenra das crianças, eu, o quisto, a chaga, o cancro, a úlcera, o tumor, a ferida, o câncer do corpo, eu, tudo isso sem ironia e muito mais, mas que não faz da fome do povo o disfarce do próprio apetite”

Anônimo disse...

VANESSA KALINDRA LABRE DE OLIVEIRA
MAT.200717600

Ann, ao saber de sua doença e dos poucos dias de vida que lhe restava, passou a experenciar a vida de forma semelhante ao personagem do conto de J. Guimarães Rosa. Estar à terceira margem do rio para essas duas figuras tem em seu sentido mais consistente a mudança do olhar frente ao mundo transformado e sensibilizado, mudança essa fruto de um acontecimento que altera seus parâmetros enquanto expectativas e referências. Os personagens passam a construir diante da vida, sendo esta diferente daquela que até ali os conduziram, uma postura afirmativa frente a seus dramas, de uma consciência que interroga o medo, o desconhecido, mas que tem em sua essência uma ânsia por sabores, uma vontade de verdadeiramente se conhecer, se sentir.
Estar à terceira margem é, portanto, enxergar a si mesmo e ao contexto a qual insere de forma consciente, detalhada, olhar além, e ser capaz de se deixar absorver nos fenômenos da vida, sejam eles de que natureza for, se encontrar inteiro mesmo quando só, ausente, em pedaços, mas estar inteiro por ser verdadeiro consigo mesmo.

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

É Edson ganhou sim!
Agora entendi o que você quis dizer...

Anônimo disse...

Rodrigo de Paula Pessoa Freitas
200710907
Ann esteve na terceira margem do rio quando morreu em plena vida! Afinal, quando descobre que a morte está próxima e que não poderia ser retardada, ai sim ironicamente ela nasceu pra vida. Inclusive seu sofrimento pode ser interpretado como um sinal de que estava viva efetivamente e não mais vivendo futilmente.

Anônimo disse...

A personagem Ann de Sarah Polley do filme “Minha Vida sem Mim” esteve na terceira margem do rio quando fez a opção pela vida, opção simples que ela não tinha acesso, subvertendo sua própria vida, como Nietzsche prega “viver intensamente”.
No recolhimento à solidão, pois seus planos daquele momento em diante só eram dela mesma, ninguém tinha mais conhecimento, mudou seu comportamento, se é que podemos dar esse nome. Não foi nada de excepcional, de diferente, simplesmente o “estalo” aconteceu , até porque é preciso estar vivo para poder morrer, e isso foi mostrado quando aconteceu o recolhimento a total solidão. Ali ela pôde refletir sobre sua vida e seus pensamentos. Sentiu tudo que a solidão poderia lhe proporcionar, a satisfação de respirar outros ares. A escolha pela solidão deu a ela uma maneira de viver apreciável , pois a reflexão faz com que as pessoas vejam a si mesmas.
O personagem do conto A Terceira Margem do Rio, optou pelo distanciamento da família para viver também momentos de solidão.Ele pôde optar em ir ou não, em voltar, mas preferiu uma saída não racional. Na solidão do seu barco pôde refletir sobre seu posicionamento. Subverter a própria realidade, não é algo que se consegue, que se faz por opção, é algo excepcionalmente individual, é da própria constituição da pessoa. Os dois estão inter-relacionados devido ao recolhimento a solidão.
200606360 – Vera Lúcia das Chagas Faustino Alves

Yuri disse...

Quando decidiu afirmar o que nunca havia sido tomado como uma possibilidade em sua vida, Ann salta do cotidiano e mergulha em uma existência que, apesar de próxima do fim, torna-a única em certa perspectiva. A proximidade da morte lhe faz dar conta de sua efemeridade e dessa forma a desperta para um tipo de ação semelhante ao pai em "A Terceira Margem do Rio", uma ação em direção a um caminho que não foi traçado anteriormente por ninguém, o seu próprio caminho.
Yuri Kotke Cunha
Matrícula 200717626

Anônimo disse...

A terceira margem do rio é um deixar da solidez e mergular na fluidez,mudando de estágio e a partir daí passar a se construir uma própria rotina fundada,fazendo com que o indivíduo se torne o autor de sua própria solidão em que pode-se criar um novo lar renascendo para contemplar a vida e não mais para agir.
O que aconteceu com a personagem do filme em questão é basicamente isso,esse "abandonar-se de si mesmo" para daí se enquadrar numa nova maneira de administrar o que restava de sua vida,fugindo das exigências da sociedade para viver o aprendizado do que passou a contemplar.
Thais Henrique Ferreira
matr.200611062