quarta-feira, 9 de abril de 2008

Décima Quarta Questão de 2008.1: Ainda sobre a arte e a morte do cão

O Professor J. A. Callegari (foto), um amigo do RJ e grande estudioso de vários assuntos, enviou-me um email com considerações sobre a polêmica Décima Primeira Questão de 2008.1. Resolvi publicar o email logo abaixo. Leiam-no e, depois, nos comentários, teçam considerações sobre cada ponto levantado, concordando ou discordando das opiniões expostas. Quero ver argumentos fortes, assim como o debate.

Abs.

Lycurgo

• • •

De: José Callegari [mailto:...@....com.br]
Para: Tassos LYCURGO [tl@ufrnet.br]
Enviada em: terça-feira, 8 de abril de 2008 09:21
Assunto: A questão da morte do cachorrro

A questão da morte do cachorro diante do público desperta alguma consideração.

Primeira, o domínio do conhecimento. Presume-se que o artista tenha o domínio da arte que expressa. De tal forma, o expectador não ousa infringir certo código de ética diante do senhor da obra estética. Uma reprodução da dominação e do exercício do poder.

Segunda, a inércia coletiva igual a dos guinus. Convivem harmoniosamente, a poucos metros do leão, com a certeza da morte. Não há comoção exterior. Só o pânico.

Terceira, existe uma classificação para os tipos de vida? Alguém teria o direito de selecionar quem poderia viver ou não? Assim começam os fundamentos para o holocausto. Sob um argumento de ser aceitável a morte de um ser "inferior" de outra espécie não se justificaria mais tarde o argumento "aceitável" da morte de seres da mesma espécie de raças diferentes (inferiores)?

Quarta, vencer o status quo implica tomada de posição e luta. Como proceder desta forma diante de uma civilização consumista e individualista?

Quinta, o artista expressou uma manifestação sádica do prazer do expectador em presenciar a morte e mais ainda a sensação quase eufórica de assistir ao “espetáculo” de sofrimento e dor cujo clímax é a morte. As arenas romanas não estariam simbolizadas nesta manifestação grotesca e também de alguma forma nos estádios de futebol?

Sexto, quem sabe o artista pretendeu provocar uma reação do público prevendo que alguém se aventurasse a transgredir a ordem aparente das coisas e com a violação desta ordem salvasse a vida em perigo? Não foi uma demonstração explícita da dificuldade de fazer agir quem vive mecanicamente sob as determinações cogentes da ordem socio-político-jurídica sem reflexão e capacidade de reação?

Muitas indagações e reflexões podem ser produzidas.

Sobre a questão da censura do terço erótico, não teríamos aí uma demonstração explícita da defesa de ícones religiosos que dominam as mentes não reflexivas? Os ícones tendo uma função simbólica de dominação e não de representação da mensagem religiosa passada por Jesus e seus seguidores? Não seria uma forma de defesa do satus quo da igreja e de seus símbolos, sem a consciência de que o mais importante seria praticar os ensinamentos do evangelho?

Tassos,

Seus temas para reflexão são extremamente instigantes. Permitem transitar por vários segmentos da vida de relação.

A estética como manifestação e produção cultural na qual se condensam vários tipos de discursos.

Um grande abraço do seu amigo

Callegari.

27 comentários:

Edson Lima disse...

Ainda sobre a morte do cão gostaria de considerar o seguinte:
I- A questão da interferência na obra,"inocenta" as pessoas que nada fizeram para impedir a morte do cão, já que não teriam o poder de intervir na obra de outrem. Por outro lado, solatr o cão, seria impedir a "exibição" total da obra, ou seja, censurar (não trato da questão ética, do sofrimento causado ao animal).
II-O sentimento da maioria das pessoas ao ver a "obra". Aliás porque estas pessoas foram ver um cão morrendo de fome e sede? Será porque era numa galeria? Ou puro sadismo?
III-Vida é vida, apesar da humanidade pensar diferente. A vida de animais tem menos valor que a vida humana. Para alguns humanos a vida do outro vale menos que a sua própria. Este pensamento é a origem de fatos como o holocausto dos judeus, o extermínio dos índios pelos americanos, a limpeza étnica nos Balcãs, os grupos de extermínio no Brasil, etc.
IV-A origem das grandes mazelas da humanidade está na característica individualista da civilização ocidental. Aí está uma grande contradição do pensamento filosófico que nos orienta a buscar a individualidade e não seguir os outros. Ao mesmo tempo, tomar posição, significa ser diferente, ser individualista, seguir sua própria cabeça. Não é isto?
V-Esta analogia é perfita. Existe coisa mais sádica do que o êxtase de uma torcida ante a humilhação deuma goleada do seu time contra um time inferior? E um goleiro prestes a ser "executado" na hora do pênalti? Não lembra um réu indefeso esperando o carrasco que se aproxima (o atacante)da bola?
VI-Apesar de não acreditar nessa hipótese, já que o artista afirmou que queria chamar a atenção para a morte de animais nas ruas, mas, poderiasim, ter esse desfecho.çIsso prova que o público não estava preparado para interagir com a obra (Onde estavam as organizações protetoras de animais?).
Qaunto ao terço erótico concordo com as colocações do autor a respeito da manipulação de signos de uma religião com a finalidade de dominar pelo medo.

Edson Lima
200606239

Anônimo disse...

Anna Débora Cosme da Silva
200606158

1- Nem sempre os artistas têm o domínio da arte que expressam e deixar que o cachorro morra vai contra a ética, é desumano.
Ninguém tem o poder de matar qualquer animal ou pessoa, nem a favor da arte nem por ser o senhor da obra estética. Sendo assim, a obra poderia ser impedida por qualquer um.
2- Tá bom a inércia coletiva...
Todas as pessoas se conheciam? Elas se reuniram e resolveram que o cachorro ia ficar lá? Não havia um cristão (uso a palavra não no seu sentido comumente usado) que tivesse uma idéia contrária?
Duvido muito que não haja comoção exterior. Para mim isso é desculpa de amarelo!
Quando se quer alguma coisa não tem coletivo que impeça.
3- Existe uma classificação quanto ao tipo de vida na biologia, para estudo dos seres, mas não para excluir uns e outros.
Com certeza ninguém pode dizer quem vai ou não morrer! Ótima comparação a do holocausto, eu concordo plenamente que esse tipo de pensamento poderia levar, quem sabe um dia, à extinção das raças. É um pensamento muito rude, cruel e desumano.
4- A sociedade é individualista sim, mais quando se trata de interesses comuns ela se torna bastante comunitária. Podemos, primeiramente, começar lutando sozinhos para quem sabe conseguirmos apoio na nossa luta.
5- De certa forma seria o mesmo sentido sim.
Porém, vale salientar que nas arenas romanas os homens eram forçados a matarem os animais e a matarem uns aos outros. Já no estádio de futebol eles não são obrigados a estarem ali, estão por conta própria...
Com relação ao público, os romanos eram medíocres e viviam numa sociedade desestabilizada por guerras, doenças e miséria que havia. E os inúteis que vão assistir ao jogo de futebol não tem nada mais pra fazer , vão só para passar o tempo. São tolos que brigam por uma coisa fútil e até arriscam suas vidas por uma coisa que não faz sentido e que não faz bem nenhum.
6- Nada explica a morte do cachorro. Se ele queria que alguém se aventurasse a salvar uma vida, ele devia dar exemplo, a sociedade não vive sem exemplos. Desde pequenos fazemos as coisas porque vemos um adulto fazer e não por si sós.
Não me interessa que as pessoas não tenham capacidade de reação, isso não vai amenizar a morte do pobre cachorro. Não acredito que ninguém tenha capacidade de reação...
Tudo que você diz é correto sim, é uma idéia que tem a respeito da obra e do artista, mas nada justifica.

Sobre o terço:
Com certeza é por isso tudo sim, isso já foi dito não só por mim mas por todos os meus colegas, que concordam que é uma demonstração do poder da igreja sobre as pessoas que você julga não-reflexivas...

Yuri disse...

Mais morte do cão... Vamos lá:

- Certamente é uma reprodução de um exercício de poder. E talvez fosse algo a ser questionado com mais veemência do que foi na hora, já que vivemos numa época na qual essa "mistificação" da obra de arte (supostamente) foi quebrada. Mas parece que ainda existe o "local do artista" onde ele é intocável.
- A inércia coletiva de um público perante uma obra é um fato corriqueiro. Sinto que as pessoas que não fizeram nada para impedir a morte do cão são as mesmas que suportam horas de algo extremamente ruim em "respeito à obra". Nada contra, mas que é uma atitude de rebanho, isso é.
- Não acho que haja uma classificação possível para os vários tipos de seres. Mas matamos milhares deles todos os dias. E somos cúmplices passivos de outros milhares de assassinatos, incluindo de seres humanos. Essa atitude reflete a nossa inabilidade de pôr em prática esse discurso moral que sustentamos. A vida da vaca cuja medula óssea serve para revelar o filme da minha máquina fotográfica não vale mais que a minha, mas eu continuo tirando fotos.
- Quanto a movimentos, creio que nós ficamos discursando sobre extremos enquanto não fazemos nada. O fato é que o status quo prevê um grau de insatisfação e revolta. Se nos revoltarmos e o rejeitarmos, ele se utiliza disso para se tornar mais forte com a desculpa que está sendo ameaçado. De nada adianta movimentar uma massa de pessoas que não sabe pelo que está brigando. Minar as bases do sistema com, por exemplo, a construção de discursos subversivos que apesar de tudo não negam a sua origem (esse mesmo sistema) pode ser muito mais eficaz que "dar murro em ponta de faca" por assim dizer.
- O ser humano tem desejos sádicos. É natural. Desculpe, mas a verdade não é que "eu amo você e você me ama". Eu desconfio. Eu brigo. Eu faço política. E tudo isso porque não sei onde estou pisando em relação ao outro. Minha relação com o outro se baseia em jogos de poder. Relações da natureza se baseiam em jogos de poder. Mas existe um nível (para mim) aceitável no qual eu posso expressar esses sentimentos de forma não-ameaçadora. Um jogo de futebol é um. Um Big Brother Brasil é outro. Se é para construir um discurso que não se sustente na prática, tudo bem, eliminemos essas expressões sádicas de prazer. Mas é bom saber de antemão que tais impulsos não irão embora.
- Creio que já respondi essa pergunta com as anteriores, mas reitero que sim, creio que esse era o desejo do artista. Não que o fato dele ter esse desejo lhe dê o direito de fazer algo como o que fez.
- E quanto aos símbolos religiosos, eu concordo. As pessoas se prendem muito às formas estabelecidas ("O hábito é um grande mortificador", já dizia Samuel Beckett) e esquecem da mensagem inerente àquela forma. Não que o símbolo não importe, mas podemos encará-lo de outras formas, não podemos? É dessa incapacidade de refletir que aqueles que detêm poder tiram sua força.
Yuri Kotke Cunha
200717626

Anônimo disse...

(1) A pressuposicao de que quem está no "poder" detem o conhecimento é tão forte na nossa mentalidade, que raramente reagimos contra ela. É uma forma bem cômoda de "lavar as mãos", como Pilatos. Eximir-se da responsabilidade. Por isso é tão conveniente a ignorância. Mais fácil acreditar que o outro "sabe o que está fazendo" e que "quem pode manda e quem é inteligente obedece." Viva a alienação!

(2) A inércia coletiva pode ser observada em qualquer grande cidade: a fome, a miséria, a violência, a tortura, a injustiça, a arbitrariedade, a crueldade são bem conhecidas no meu dia a dia. Pra que me preocupar com um cachorro vira lata que um doido botou pra morrer de fome e sede??? Vejo gente morrendo de fome e sede todo dia e ninguém faz nada. Por que eu? E por um vira lata? Acredito que é esse tipo de sentimento de impotência e discriminação que imobiliza as pessoas e as torna pétreas em relação a situações como essas.

(3) Teoricamente, ninguém deveria deter o poder de vida e morte sobre nada. Afinal, esta prerrogativa seria divina exclusivamente. Entretanto, vemos "esquadrões da morte", em diversos níveis hierárquicos e diferentes ambientes selecionando quem "deve" viver ou morrer. As guerras não fazem isso? Os países não têm coragem de mandar seus melhores jovens para a morte em campos de batalha inglórios, para defender causas que muitas vezes nem são deles, jovens? Exercer o poder também envolve esse tipo de decisão. E durma com uma zoada dessas (ou vá ler O Príncipe de Maquiavel...)

(4) Osho diz que liberdade é responsabilidade, mas quem é que quer ter responsabilidade??? Como já disse acima, muito mais fácil transferir a responsabilidade (culpa?) para os ombros alheios. "Eu não fiz nada, mas e você, fez?" Assim não nos comprometemos, não nos revelamos, não nos expomos. O comodismo é o pior de todos os venenos. Através de seu véu tudo se justifica.

(5) Sem dúvida, esta comparação com as arenas romanas é perfeita. A TV e a internet também não são as "arenas romanas globais", através das quais assistimos as tragédias alheias e nos locupletamos? Tão comum o comentário: "Antes ele do que eu..." Não será esta também uma maneira bem mórbida do homem tentar entender a morte?

(6) Sem dúvida houve a provocação do artista e foi uma jogada de marketing muito bem sucedida, pois afinal, acabou criando uma polêmica mundial sobre os nossos valores em relação à vida. Dessa forma ficou bem conhecido, embora eu mesma não saiba nem qual é o nome dele. Nem quero saber. Mas tem gente que gosta...

Anônimo disse...

Isis de Castro.
200610651

(1) A pressuposicao de que quem está no "poder" detem o conhecimento é tão forte na nossa mentalidade, que raramente reagimos contra ela. É uma forma bem cômoda de "lavar as mãos", como Pilatos. Eximir-se da responsabilidade. Por isso é tão conveniente a ignorância. Mais fácil acreditar que o outro "sabe o que está fazendo" e que "quem pode manda e quem é inteligente obedece." Viva a alienação!

(2) A inércia coletiva pode ser observada em qualquer grande cidade: a fome, a miséria, a violência, a tortura, a injustiça, a arbitrariedade, a crueldade são bem conhecidas no meu dia a dia. Pra que me preocupar com um cachorro vira lata que um doido botou pra morrer de fome e sede??? Vejo gente morrendo de fome e sede todo dia e ninguém faz nada. Por que eu? E por um vira lata? Acredito que é esse tipo de sentimento de impotência e discriminação que imobiliza as pessoas e as torna pétreas em relação a situações como essas.

(3) Teoricamente, ninguém deveria deter o poder de vida e morte sobre nada. Afinal, esta prerrogativa seria divina exclusivamente. Entretanto, vemos "esquadrões da morte", em diversos níveis hierárquicos e diferentes ambientes selecionando quem "deve" viver ou morrer. As guerras não fazem isso? Os países não têm coragem de mandar seus melhores jovens para a morte em campos de batalha inglórios, para defender causas que muitas vezes nem são deles, jovens? Exercer o poder também envolve esse tipo de decisão. E durma com uma zoada dessas (ou vá ler O Príncipe de Maquiavel...)

(4) Osho diz que liberdade é responsabilidade, mas quem é que quer ter responsabilidade??? Como já disse acima, muito mais fácil transferir a responsabilidade (culpa?) para os ombros alheios. "Eu não fiz nada, mas e você, fez?" Assim não nos comprometemos, não nos revelamos, não nos expomos. O comodismo é o pior de todos os venenos. Através de seu véu tudo se justifica.

(5) Sem dúvida, esta comparação com as arenas romanas é perfeita. A TV e a internet também não são as "arenas romanas globais", através das quais assistimos as tragédias alheias e nos locupletamos? Tão comum o comentário: "Antes ele do que eu..." Não será esta também uma maneira bem mórbida do homem tentar entender a morte?

(6) Sem dúvida houve a provocação do artista e foi uma jogada de marketing muito bem sucedida, pois afinal, acabou criando uma polêmica mundial sobre os nossos valores em relação à vida. Dessa forma ficou bem conhecido, embora eu mesma não saiba nem qual é o nome dele. Nem quero saber. Mas tem gente que gosta...

Anônimo disse...

1- O expectador não ousa infringir, mas deveria nesse caso, já que se tratava de uma vida!Existem momentos em que a ética se torna confusa..
2- Como assim??!
3- Classificação existe, mas isso não muda o fato se ser crueldade o que foi feito!Por que se tratava de um ser irracional não significa que alguém tenha o direito de maltrata-lo até a morte.
4- O procedimento deve ser exatamente o de tomar uma posição e lutar pelo que é justo!
5- As arenas romanas sim, os estádios não.Essa manifestação sádica foi totalmente sem propósito.Pra quê alimentar um sentimento doentio??!
6- Pode realmente ter sido esse o propósito da “obra”, mas pra quê punir o pobre animal?Será que não tinha outro jeito de abordar o assunto?

CAROLINE MICHELLE FIGUEIREDO PEREIRA
200606174

L.A.G. disse...

1º- Essa é uma questão cultural, pois por mais que fosse um ser vivo exposto, o mesmo estava em status de arte. Desde pequenos somos criados com a idéia que não devemos tocar em "obras de arte". E com isso concluo que as pessoas tiveram medo de ousar e serem repreendidas. Poderiam ser presas por interferir e com certeza a presença dos guardas inibiam os espectadores.

2º- José Callegari colocou um exemplo do Reino Animal, e o tal pânico funciona exatamente assim na cadeia alimentar. Porque um "animal" que está fora de perigo iria salvar um outro que esta condenado, sabendo que esta atitude o trará sérias consequências???

3º- Seres que se auto denominam superiores existe desde sempre. Este é um pensamento repugnante mas que infelizmente existe. Se este pensamento não existisse jamais teriam ocorrido guerras. Animais são animais e os seres humanos por mais que tentem negar são animais como outro qualquer, esta é a maior prova.

4º- Alguém tem que dar o primeiro passo. Vivendo em uma sociedade individualista, no momento que alguém consegue pular o primeiro obstaculos, outros tomam coragem a partir disso e juntam-se luta de um bem comum. Sabendo que vai sofrer as maiores consequências, quem quer ser o primeiro?

5º- Transformar a morte de um cachorro em um espetaculo ainda consegue ser repugnante e abominável. O pobre cachorro não escolheu ter sua morte assistida por outrem. Uma partida de futebol é apenas mediocre, como disse Anna Débora são apenas uns tolos que não tem o que fazer e escolhem ir gastar seu tempo com algo inútil.

6º- As pessoas não estavam preparadas para essa obra e a obra na época não foi tão divulgada, só veio ficar conhecida depois de executada. Com certeza ONGS de proteção aos animais teriam feito protestos. Mas não acho que Guillhermo estava interessado nisso, ele era um artista sem potencial que queria reconhecimento, então decidiu sacrificar um animal em nome de sua "arte".

Sobre o terço erótico a igreja sempre vai continuar tentando manipular a mente das pessoas, independente do que façam, da arte e etc. Eles nunca mudarão sua postura.

LEANDRO ALVES GARCIA
200606310

Anônimo disse...

Discordando do primeiro ponto, não acredito que seja uma dominação de conhecimento e sim mais ligado ao quarto ponto, as pessoas não tomam posição de luta, se revoltam, mas permanecem estagnadas, sem atitude, seguindo a idéia de que vivemos em uma sociedade consumista, individualista. O terceiro ponto é muito relevante quem teria o direito de selecionar quem poderia viver ou não? Quanto ao quinto ponto, nem todos os expectadores tem prazer sádico em presenciar o sofrimento, isso não pode ser generalizado, talvez tenha sido uma manifestação sádica do próprio artista. E se o artista pretendeu provocar alguma reação do publico em prol de salvar o cachorro, isso não justifica a atitude de colocar em risco uma vida diante de uma hipótese provável de acontecer ou não.

Patrícia Cristina 200606344

Anônimo disse...

As considerações do Professor J.A. Callegari em muito tem consonância com o meu pensamento e posicionamento sobre a questão do terço erótico.
1º. Acredito que o artista deva ter o domínio da arte que expressa, mas isso não quer dizer que esteja correto em seus posicionamento. Será que realmente ele sabe as conseqüências de seus atos? O sadismo chegou e ficou. Arte nenhuma justifica esse tipo de comportamento.
2º. TRANSCREVO UMA PARTE DAS MINHAS RESPOSTAS ANTERIORES REFERENTE A INÉRCIA :
Por que ninguém reclamou? Será que se alguém tivesse manifestado uma opinião contra o estado lastimável do cãozinho, não seria interpretado como censura? E aí, vamos deixar alguns loucos, para mim não são artistas, em nome de uma possível arte, fazer o que quiserem e vamos sempre nos omitir?
3º. TRANSCREVO UMA PARTE DAS MINHAS RESPOSTAS ANTERIORES REFERENTE À CLASSIFICAÇÃO PARA OS TIPOS DE VIDA?
Quando limites éticos, morais, impostos pela sociedade e que são considerados pela maioria como regras de boa convivência são molestados, a censura é correta. Onde está o direito dos outros, neste caso do cãozinho que foi maltratado até a morte. Quem é esse que se acha no direito de dizer quem deva ou não morrer.
4º. Mesmo que a sociedade seja individualista e consumista não quer dizer que não veja as coisas erradas. Se eu estivesse lá tenho certeza absoluta que teria feito grande barulho para que o cãozinho fosse salvo. Eu sempre quebro a cara, quase sempre sou a primeira a reclamar, minha turma não me deixa mentir. Não consigo ficar quieta, mesmo quando as coisas não me afetam diretamente. Espero nunca ter medo de ser a primeira em algo ou alguma coisa e nunca me acovardar diante de barbaridades. A responsabilidade é de todos.
5º. Neste ponto não concordo. Acredito que o artista expressou sua própria manifestação sádica do prazer e não do expectador, pelo menos, não de todos. Nem todos que viram esperaram o fim trágico do cãozinho. Não consigo fazer uma analogia disso com as arenas romanas, tampouco com os estádio de futebol.
6º. TRANSCREVO UMA PARTE DAS MINHAS RESPOSTAS ANTERIORES REFERENTE AO ARTISTA PRETENDER PROVOCAR UMA REAÇÃO DO PÚBLICO:
Como o propósito do ”O Terço Erótico” era chocar, o do cãozinho era cometer assassinato. Mas, será que o tal “artista” esperava que existisse alguém menos idiota que ele e tirasse o cãozinho de lá? Ninguém era obrigado a aceitar o que ele fez só que as pessoas se calaram e o deixaram morrer.


Sobre o terço erótico:
Acredito que o propósito da artista com a sua obra estava bem definido: era chocar, cutucar a igreja com vara curta, não se preocupar em agradar ao público, causar algum tipo de emoção, sentimento, até mesmo susto, e isso ela conseguiu, atingiu o objetivo a que se propôs ao expor os terços. O terço tem uma função simbólica e de representação de mensagem religiosa. Não acredito na defesa de ícones religiosos que dominam as mentes não-reflexivas
200606360 – Vera Lúcia das Chagas Faustino Alves

Unknown disse...

De acordo com minha análise no e-mail do grande estudioso José Callegari, pude observar que de certa forma quando uma obra é exposta em uma galeria de arte supõe-se que a curadoria do espaço, que possui um conhecimento abrangente sobre a Arte, tenha se interessado pela proposta do artista e por isso ela, a obra está ali para ser contemplada, questionada.
Ele toca num ponto importante quando pergunta se alguém teria o direito de tirar a vida de alguém? Quer dizer, ninguém tem o direito de fazer isso. Nem pelo motivo mais banal, mesmo que seja um animal, mas ainda possui vida, além do mais um cão que podem ser domesticado.
Outro ponto é a questão social. Admito que a maioria da população é inerte e individualista, teme parada no tempo apenas esperando e sonhado no futuro ao qual desejam, vivendo no mundo dos outros.
Na quinta questão ele faz uma relação interessante no que aborda os estádios de futebol. A pretensão de se estar ali é para assistir e torcer pelo seu time, vibrar, criar a melhor expectativa mesmo o time jogando ruim, você sempre fica achando que ele ainda vai o gol da virada no último tempo. Mas nos dias de hoje as competições esportivas passam disso e partem para brigas e mortes que muitas vezes ocorrem dentro e fora dos estádios.
“... o artista pretendeu provocar uma reação no público prevendo que alguém... salvasse a vida em perigo?” pergunta o estudioso na sexta questão. Acredito que mesmo que o artista tivesse pensado nisso seria difícil alguém transgredir as regras, as pessoas estariam indo de encontro aos seus princípios, e as autoridades. Confesso que realmente não tinha chegado a pensar nesse ponto.
Concordo com Callegari quando ele afirma, no meu entender, voltando à questão do terço erótico, que sem dúvida os símbolos são importantes para a Igreja Católica, mas o essencial para ela deveria ser a prática dos ensinamentos de sua religião e de seus princípios.

ANDREIA MELO
200610597

Anônimo disse...

A questão da morte do cachorro diante do público desperta alguma consideração.

Primeira, o domínio do conhecimento. Presume-se que o artista tenha o domínio da arte que expressa. De tal forma, o expectador não ousa infringir certo código de ética diante do senhor da obra estética. Uma reprodução da dominação e do exercício do poder.

A primeira consideração dentro dessa perspectiva trouxe um outro tipo de questionamento: o domínio do conhecimento. Ora, o conhecimento previne o homem de expor-se a muitos males (Pv.9.6). Pois, bem o conhecimento humano baseia-se em quatro pilares. Exemplos desses quatro pilares são: o conhecimento empírico, que é o aprendizado prático dispensando maiores explicações, apenas esse conhecimento não é suficiente para satisfazer as exigências do desenvolvimento do ser humano, na sua totalidade; o conhecimento filosófico encontra-se as reflexões sobre os temas da vida, entender e explicar as mais diversas situações do ser humano; além dos conhecimentos cientifico e teológico. Partindo dessa premissa, que o artista sabe expressar a sua arte por um desses conhecimentos. No entanto, o foco principal não está em sua arte, para tal assertiva, vejamos algumas considerações: (i) A arte tem função simbólica, permitindo ao homem se expressar e ao mesmo tempo perceber significados atribuídos à sua vida sua eterna busca por um equilíbrio com o meio em que vive; (ii) também é conhecido que pelo valor das mais variadas expressões artísticas estão nas culturas humanas, sem contar com a função social, no qual exerce; (iii) assim, não é o artista que externaliza o seu mundo interior e sim o expressa por uma simbolização; (iv) também pode provocar o público a participar com a mesma possibilidade de dispor de sua emoção, mas o que ocorreu foi um pânico. Sabe-se, que este não é o objetivo de um “espetáculo”, pois, é na arte que se faz necessário para o homem conhecer e modificar o mundo.

Outro questionamento se faz necessário indagar, o artista, talvez quisesse provocar um deslocamento ético e moral de uma sociedade que vive alheia às circunstâncias advindas da própria natureza humana. Dentro desse contexto, ele teve quem sabe a “intenção” que houvesse além desse deslocamento uma ruptura daquilo que ele não mais acredita (a sociedade) – no compartilhar das emoções entre todos os seres vivos. Dessa forma, ele procurou em sua arte provocar, não só a arte do monopólio da aristocracia (domínio)e do religioso. Retornou tudo para uma esfera do senso comum (dominação), trazendo, assim, ao domínio público.
O artista deve ter incipiente ideológico e democrático para diversas formas de saberes. Com esse propósito ele trouxe à tona, provas diárias da crescente invaloração do ser humano. Assim imagina,que teria um ser “inferior” o cachorro; procurou ainda, na sua arte instaurar um novo diálogo com a sociedade, com uma proposta de "desenclausuramento" da redoma, levando para o domínio público,a dominação para impactar o público, no entanto, o que ocorreu foi um processo inercial.
Com relação ao código de ética, apregoa-se que ele visa o bem comum, a integridade, a lisura, a correção e a moral. No entanto, não foi isso que ocorreu, ele mesmo infringiu esse código, ele mesmo, tem o dever de saber que foi o primeiro a infringi-lo, pois, quem é detentor do saber é ele, e quem é dotado de muitos saberes imputam-lhes mais responsabilidades, no entanto,ele levou para o domínio do senso comum. E, no código de ética é que norteia a norma comportamental de todos que estão inseridos na sociedade.

Segunda, a inércia coletiva igual a dos guinus. Convivem harmoniosamente, a poucos metros do leão, com a certeza da morte. Não há comoção exterior. Só o pânico.

Para esse argumento, penso na incrível travessia dos guinus por um rio enfestado de crocodilos gigantes. Os guinus ficam a espreita e atacam a vítima, que luta contra a correnteza e o ataque do predador. Uma travessia incrivelmente perigosa, mas necessária para completar a migração da espécie dos guinus. Tudo leva para um jogo de sorte e azar, em que a lei da sobrevivência dá as cartas. Diante de tal argumento, faz-se necessário um paralelo com a nossa sociedade individualista e consumista, pois, há algumas que pessoas não estão interessadas em olhar um pouco pelo próximo, e só se preocupam com elas mesmas, achando que o mundo gira em torno delas. Contudo, penso que existam pessoas que não deixaria esse pobre animal abandonado a sua própria sorte, e que movido pela enorme comoção exterior, obviamente, porque passa primeiro no interior, onde está a comoção. Diferentemente desse cenário parco e precário. Portanto, mediante o comportamento da sociedade, pode-se dizer, que existe uma separação comportamental, pois, há indivíduo movido por um sentimento saudável por um ser “inferior” como também por um ser “superior”. No enatnto, registra-se que uma parte da sociedade vive a margem da inércia coletiva, pode-se dizer que tem “algo” muito ruim permeando no seio dessa sociedade, que ela mesma impede o seu crescimento evolutivo. Mas, acredito que essa sociedade um dia poderá ser alcançada, mas, existe uma condicional, se procurar e experimentar o que é o amor. Acredito que é nome do amor e a caridade possa se vencer muitos obstáculos para vencer a crueldade, maldade.....Pois, é a partir dele, que essa poção mágica poderá curar todos os males… restam-nos buscar para não incorrer nas aquelas cenas clássicas de um bando de guinus atravessando o rio a nado, se pisoteando para chegar à outra margem, sendo comidos por crocodilos, ou seja, aquele caos todo. A humanidade precisa urgentemente mudar esse cenário ou do contrário sugirá mais artista em nome de sua arte, exprimir outros tipos de atrocidades como essa realizada pelo artista. Desse modo, infelizmente, ele também se igualou ao principio da inércia coletiva, juntamente com a travessia dos guinus. Mas, o que será necessário para sair de tais situações? A reflexão. “Se queres compreender a vida, começa por compreender a ti mesmo; no silêncio, cada um se confesse aquilo que ninguém lhe diz" (E. von Feuchtersleben)
Gosto muito de uma poesia infantil chamada de “O Jardim do Paraíso” de Hans Christian Andersen, onde ele diz: “os guinus dançavam por ali e os avestruzes queriam ganhar-me na corrida, mas eu sou mais rápido”.

Terceira, existe uma classificação para os tipos de vida? Alguém teria o direito de selecionar quem poderia viver ou não? Assim começam os fundamentos para o holocausto. Sob um argumento de ser aceitável a morte de um ser "inferior" de outra espécie não se justificaria mais tarde o argumento "aceitável" da morte de seres da mesma espécie de raças diferentes (inferiores)?

Sim, penso que existe uma classificação para cada tipo de vida. Os benevolentes e os maléficos. Para os maléficos apresentam-se as seguintes características: "sintomas de comportamento criminoso, paranóia e mania de grandeza". É o que diz a historia a respeito do comportamento de Hitler; e também por ele se sentir ameaçado. Relatos trazem que “Hitler temia os judeus como um inimigo ativo”. Consequentemente, não era suficiente matar os judeus –- ele queria destruir tudo que era judaico no mundo.

Alguém teria o direito de selecionar quem poderia viver ou não?

Não. Alguém minimamente com estetica apreciável não teria esse direito, No entanto, é uma prática constante na vida cotidiana das pessoas que não são esteticamente apreciáveis. Então, o que se pode dizer para essa propositura, é que existem pessoas que são mais apreciáveis esteticamente de que outras esteticamente não apreciáveis. Diante disto, parece-me claro que Hitler para exterminar os judeus, não estava sozinho, pois, como cometeria esse crime sozinho – O Genocídio. Obviamente, que ele teve seus próprios interesses com também ele precisou do apoio da população, da elite, pois, existiam cerca de 200 mil perpetradores somente na Alemanha – existia uma disposição para seguir em frente com esse plano doentio, também por razões muito práticas as pessoas esperavam ganhar uma vantagem material. Denotando pessoas gananciosas, poderosas e vaidosas,

Sob um argumento de ser aceitável a morte de um ser "inferior" de outra espécie não se justificaria mais tarde o argumento "aceitável" da morte de seres da mesma espécie de raças diferentes (inferiores)?

Partindo da premissa de que “se algo tão extremo como o holocausto foi possível”. Pergunta-se. ”Será que não temos de revisar a nossa percepção da natureza da humanidade?” Sob tal argumento a humanidade poderá ser sempre surpreendida, sim, com “algo” para justificação dos seus próprios atos, mesmos os mais cruéis e monstruosos que em “prol” de “algo”, a serviço de um propósito, de uma meta, um objetivo, enfim...
Faço também referência ao historiador israelense, Saul Friedländer, ganhador do Premio Nobel da Paz em 2007, que diz: “o holocausto não desaparecerá, sempre haverá outros” (...). Não haveria mais dessa forma, existiram sim, outros modos. Diante de tais argumentos, só nos restam-nos concluir que os problemas que a humanidade enfrenta não têm precedentes nem quantidade nem intensidade. Como podemos lidar com eles? Voltando para a pergunta do “Cão condenado à própria sorte, por ser considerado “inferior””, e pior as condições que esse cidadão propôs, levando o cão a óbito, causa mortis: fome e sede. Parece brincadeira, como as manipulações de pessoas não apreciáveis esteticamente estão se revelando a partir de sua arte. E o pior, que sempre haverá uma transferência de responsabilidade, sempre terá um nexo causal entre a vítima e a culpa. E dessa forma, sempre apareceram inocentes, e nunca serão imputados nenhum crime, mas esteticamente ele não é apreciável, pois, cometeu um crime de omissão. Por exemplo, Hitler em princípio, não queria matar os judeus e assim continua....
Segundo o historiador Pardon E. Tillinghast declara: “Os caminhos que a sociedade está seguindo se tornaram infinitamente mais complexos e muito de nós enfrentam dilemas terríveis”. No entanto, Mas, uma lição se tem e que se repete constantemente na História da Humanidade que é o fracasso do domínio humano, que se registram em diversas épocas.

Quarta, vencer o “status quo” implica tomada de posição e luta. Como proceder desta forma diante de uma civilização consumista e individualista?

Sim. Talvez importe menos descobrir o criminoso do que saber como é que podemos ressuscitar o morto na sala de cirurgia. Em outras palavras, como transformar uma civilização consumista e individualista em uma civilização, que seja uma urbe habitada por cidadãos, aptos a discutirem suas condições de vida e pactuarem políticas que levem a uma existência digna e também não há como dissociar proposta ética de concepção de homem. E se o homem está morto, onde enraizar qualquer concepção de ética? Por mais se debatam os que pensam o mundo esvaziado de sentido.

Quinta, o artista expressou uma manifestação sádica do prazer do expectador em presenciar a morte e mais ainda a sensação quase eufórica de assistir ao “espetáculo” de sofrimento e dor cujo clímax é a morte. As arenas romanas não estariam simbolizadas nesta manifestação grotesca e também de alguma forma nos estádios de futebol?

Para esse questionamento tem em seu próprio conteúdo, a sua afirmação, que é registrado ao longo da Historia da Humanidade. Mas, infelizmente esse “espetáculo”, continua o mesmo até chegar ao clímax da sua existência - a morte. Ao se falar na morte (Tanatos) penso que sempre estivemos no fundo do poço, simplesmente por um fator que a meu ver foi à degradação espiritual e transgressora da natureza humana, que perdura até o presente século. Para este argumento, penso o que é está no “fundo do poço”. Imagino que seja, uma mola propulsora, que quando realmente se está lá recebe um impulso e inicia-se uma trajetória de saída, penso que o artista fez isso.
Dessa forma, há uma convergência de que esta é a idéia (artista) de que para tudo existe uma solução e de que no auge do sofrimento humano encontra-se de alguma forma, o alívio e depois a recuperação. Pode-se, ainda se dizer de uma determinada situação que é o tempo que se encarrega de aliviar as dores da humanidade e que as coisas se colocariam novamente em seus devidos lugares. No entanto, isso infelizmente não ocorre, nem sempre os processos de recuperação de crises e situações dolorosas obedecem a esses ditames e é exatamente neste momento que se deve prestar atenção e tentar entender onde estamos fixados.

Sexto, quem sabe o artista pretendeu provocar uma reação do público prevendo que alguém se aventurasse a transgredir a ordem aparente das coisas e com a violação desta ordem salvasse a vida em perigo? Não foi uma demonstração explícita da dificuldade de fazer agir quem vive mecanicamente sob as determinações cogentes da ordem socio-político-jurídica sem reflexão e capacidade de reação?

Esse questionamento já respondi está no questionamento 1.

Não considero que a obra “O Terço Erótico” seja imoral. No entanto, na questão anterior (Décima Questão) concordei com a censura e continuo com o mesmo posicionamento sou contra o uso de objetos sagrados, pois, representa uma cultura, um povo. Então devemos respeitar o modo de expressão das pessoas, que independe da posição da Igreja, que manipula as mentes.

Jucélia Maria Emerenciano Rodrigues
Matrícula 200007811

Anônimo disse...

1- O que deveria deixar de existir é a idéia que uma obra é intocável. É claro que não falo em sair tirando tudo que não nos agrada, mas ao se tratar de um ser vivo que está morrendo, poder-se-ia fazer algo para isto não acontecer. Partindo desse pré – suposto o artista realmente exerceu seu poder sobre as pessoas que foram assistir à exposição e nada fizeram para impedir mesmo achando a cena inaceitável.
2- Que não houve comoção exterior isso é fato, senão o cão estaria vivo agora. Então se o que aconteceu não foi uma inércia coletiva o que foi?
3- Para mim não existe uma classificação para os tipos de vida, e ninguém poderia se sentir superior o suficiente a ponto de tirar a vida de um ser. Mas qualquer discurso meu vai parecer hipócrita já que como carne, e de certa forma classifico animais nos quais julgo inferiores.
4- O problema da civilização está em achar que se vive uma individualidade. Se começarem a olhar em coletivo, em sociedade, muitos dos problemas que enfrentamos na atualidade deixariam de existir. Tirar o direito de um ser a vida seria um dele.
5- As arenas romanas expressão sim o desejo humano, pelo prazer de ver vencer o “superior” e a humilhação do “inferior”. São estes jogos que sustentam também as partidas de futebol. Mas ainda bem que mais amistoso do que acorria nas arenas.
6- Se essa foi à intenção do artista (e foi justamente a primeira explicação que dei a tal ato), ele poderia pelo menos ter sido a pessoa que no final salvasse o cão, já que ninguém se aventurou. Bem... Dificuldades existiram, e sempre iram existir, não tem como definir qual será o comportamento do público. A inércia pode ser provocada pelos problemas sociais da nossa sociedade. Mas nesse caso não pode se imaginar qual a reação do público, teria que ter certeza.

Como já coloco na décima questão o caso da censura a obra terço erótico, demonstra apenas a supremacia duma instituição de poder sobre a livre manifestação de pensamentos, já que estes vão de encontro com dogmas estabelecidos pela instituição. Nesse ponto a preocupação é mais com o ícone sim do que a mensagem religiosa.

Camila Maria Grazielle Freitas
200717430

Anônimo disse...

VANESSA KALINDRA LABRE DE OLIVEIRA
MAT. 200717600

Sobre os pontos levantados acerca da polêmica manifestação artística e dos comentários tecidos pelo professor J. A. Callegare, tenho a considerar:

1) Sim, o autor se mostra consciente quanto ao seu trabalho artístico de tal modo a ratificar os códigos ritualísticos de tal cerimônia. Ademais, a audácia com que o trabalho foi apresentado demonstra reflexão acerca do tema e consistência ao pensar seu posicionamento frente às críticas por ele sofridas.

2) Esse é um ponto bastante significativo na discussão. A inércia a qual se refere o professor é na verdade uma inquietação interior, forte, cancerígena, mas que, no entanto, não alcança o agir. Os símbolos ali codificados pelo autor e pelo público são tão substanciais que não conseguem ser rompidos. E há nessa questão outro viés a ser declarado, a apatia da multidão. Ou seja, se houveram tentativas de alimentar o animal foi de natureza individual, parca. Se tivessem, todos os que ali se apresentaram, a mesma elucubração, teriam, unidos numa única voz e num mesmo vetor de força, alcançado o animal, alimentado-o e retirado-o da situação na qual se encontrava, independente dos obstáculos que circunstancialmente poderiam encontrar.


3) Na minha opinião não há uma classificação para os tipos de vida, embora esse tenha sido historicamente um argumento por demais utilizado. E também não acho que a morte do cão tenha sido aceitável, considerando-o como inferior ou não. A polêmica gerada pela exposição do cão destinado à morte é exemplo disso. Quanto aos convites que o artista recebeu creio que não tange tal discussão e sim o conteúdo crítico-estético no qual a obra se configura e se afirma.

4) O consumismo e o individualismo são concernentes ao contexto histórico e a atual ordem política-econômica em que estamos inseridos. Essa realidade é administrada minuciosamente pelas leis do capitalismo e pela alienação de sua população, visto a estagnação e a aceitação frente ao que se apresenta. A omissão dos espectadores da exposição proposta pelo artista Guillermo Habacuc Vargas é uma prova desta posição que a sociedade moderna ocupa. O que há é uma alienação do fazer, da proporção de mudança possível. Não nos organizamos (“cada um por si e Deus contra todos”), e não nos importamos de fato até que tudo ocorra com nós próprios.

5) A morte sempre foi um enigma. O sadismo também, de certa forma. Não tão extremos como Habacuc, ou às vezes bem mais profundos que ele, tantos outros artistas circunscreveram suas obras a partir de temática da morte, do desespero, da dor, do medo, do fracasso, do silêncio. E assim os símbolos são construídos e incorporados, aceitos, descartados.

6) Se Habacuc pensou ou não na reação dos presentes à exposição eu não sei, mas sei, no entanto, que a transgressão era sim um elemento em potencial na estrutura simbólica em questão. As discussões decorrentes desta exposição são construídas enquanto caracteres de poder, lançados ao espectador pelo artista, e pela recepção destas estruturas pela sociedade, comprovando o diálogo das duas esferas. A transgressão possível, e a exposição que tal ato exigia, poderia ter mudado o rumo desta circunstância bem como comprová-la. Se foi conscientemente que o artista depositou aos espectadores tal poder de análise e movimentação não é possível afirmar, mas cabe aqui, bem como disse o professor Callegare, pensar a disposição sócio-político-jurídica no qual se inseria esta determinada expectativa.

Sobre a censura do Terço Erótico concordo plenamente com o professor Callegare, essa questão tange a defesa dos ícones religiosos numa tentativa de preservar a simbologia deste objeto bem como da própria Instituição, a Igreja Católica.

Anônimo disse...

Se o autor não dominar o conhecimento de sua obra quem somos nós para jugar algo. Apesar de ser uma coisa absurda comcerteza ele domina o que ele faz.
Com certeza o público entrou em pânico pela situação mostrada, mas qualquer ser humano tem seu gosto pela crueldade. Mesmo que mostrassem comoção, houve aqueles que no fundo adoraram. As pessoas tem o prazer de demonstrar o que a maioria sente. Não entendo porque alguém não reagiu diferentemente.
Ninguém tem o direito de interferir na vida ou na morte de seres vivos, tem que obedecer a ordem natural das coisas. Não existe essa classificação idiota de seres inferiores, cada ser tem sua importância na natureza.
Pelo menos a população brasileira é bastante acomodada. As pessoas tem medo de revoluções, de lutar pelo novo, do que é certo para cada um. Preferem ser "Maria vai com as outras", não é questão de mostrar status ou posição social, é preguiça.
Pode ser que o objetivo fosse criticar cada pessoa presente, esperando uma reação inesperada. Mas como já foi dito antes, a arte vem para mexer com as pessoas.Ser amada e odiada, sensurada e elogiada. Ela tem essa possibilidade de está ao mesmo tempo nos extremos das críticas. É complicado chegar a uma conclusão exata da obra.O que erealmente ele quis passar.

Ana Paula Almeida de Oliveira
200610589

Anônimo disse...

Aí vai meu comentário

Primeiro:

Tenho plena consciência, do domínio do artista sobre sua obra e ele o tem, como também tem responsabilidades. O artista não é um ser que vive fora da sociedade. Ele come em restaurantes, ele viaja de avião, de trem, de ônibus, ele compra em supermercados, etc. Ele também tem suas posições éticas e morais. Imagine que em certo restaurante, o chefe preparando um prato cujo ingrediente principal é frango (procedo do princípio que ele tem o pleno domínio e responsabilidade do prato que manipula) e para ornamentá-lo resolve colocar a cabeça do frango. Ora, quem preparou foi o chefe, e na culinária ele é considerado um artista. Eu pergunto: - Será que um desses artistas que fazem essas “coisas bizarras em nome da arte” e nos fazem engolir, conseguiria pelo menos olhar para o prato e ver aquele frango com os olhos abertos para ele? É claro que não! Sabe por quê? “Pimenta nos olhos dos outros é refresco!”.

Segundo

Essa falta de ação coletiva, essa imobilidade, esse medo de denunciar é o reflexo da ignorância, da violência, da impunidade. O homem tem a vontade de agir, mas a situação e “essa idéia de que tudo que é atual, moderno, e está em lugares de posição destacada é o que temos que engolir” faz do homem um “trouxa”.




Terceiro

Penso que o “artista?” não teve o mínimo de consideração. Concordo com Callegari,e afirmo que fica difícil saber até onde o “artista?”vai chegar para chamar a atenção e ter um lugar na galeria E até aonde vai a ética e moral daqueles que são encarregados de selecionar uma obra, eles são tão responsáveis ou irresponsáveis quanto. E o “artista?”, Reflito que ele tenha sido mordido por um cachorro quando pequeno. Vocês sabem né? Traumas de infância...Quem sabe ele encontrou uma forma de se vingar? Inconsciente ou consciente... Não sei. Esse ato será que Freud explica?

Quarto

Será necessário que a cada objetivo a ser alcançado eu passe por cima de tudo e de todos?

Quinta

Uma coisa o ‘artista?” conseguiu: Fazer que o ser humano tenha a mesma posição de sempre Se escandalizar e não tomar nenhuma atitude. O que aconteceu na galeria e o que aconteceu com cada um de nós quando vimos a cena, é o que acontecia nas arenas e é o que acontece quando estamos diante da nossa “arena” a TV. Nos escandalizamos e reclamamos. É exatamente isso que os telejornais esperam de nós. Porque isso vende.
Lembra de Hitler e o seu prazer em acabar com tantas vidas? Nada mudou. Uns fazem em “prol da Arte” outros em “prol da ideologia”, outros “em prol do lucro” e assim caminha a humanidade...

Sexta

Penso que se o “artista?” pretendia provocar uma reação do público em favor do animal, ele deveria ter salvado o cachorro naquele mesmo dia. Para o animal morrer de um dia para o outro, ele já estava passando fome e sede por alguns dias, não foi apenas aquele dia que o fez morrer. Se ele queria provocar a reação do público prevendo se alguém fosse ter uma manifestação de resgate. Por que ele não cortou os pulsos (como obra de arte) e ficou lá esperando alguém o salvar? Pelo menos ele estaria fazendo mal a ele, não a um animal indefeso.

OBS: Empreguei o termo Artista dessa forma “artista?”, porque questiono a posição da pessoa que fez tamanha atrocidade e não o considero.

Conceição Oliveira
Matr. 200606204

Anônimo disse...

ANDRÉ LUIZ RODRIGUES BEZERRA
MAT. 200717405

Keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
we're gonna have a real
good time. (The Doors)

1- Acredito que o artista realmente detivesse domínio consciente dos códigos por ele utilizados para a construção da obra. A partir deste ponto me detenho a uma alternativa: o lugar designado ao público na arte contemporânea parece estar agora violado pelo espaço da obra assim como o inverso também ocorre, muito embora pareça ainda haver uma relação espacial claramente delimitada por uma tênue barreira que designa de modo aparentemente irrevogável os locais onde devem se encontrar Aquele que dirige o olhar para (público)  Aquele que é sujeito inviolável e intencional do olhar (artista). Desta forma o público estaria arrebanhado pelo exercício de poder proposto pela parte atuante em questão.

2- A inércia coletiva na qual o público se encontra inserido diante da obra é um fato comum. Culturalmente tanto o local do artista como o da obra são espaços invioláveis para quem não tem uma teórica “capacidade de lido”, assim frente ao cachorro a reação do público parece ser a mais apurada representação da extremada capacidade condicionante que leva o público a se circunscrever num determinado espaço irrefutável com a passividade de quem espera o desfecho do ato III para comentar a cena.

3- Creio que não seja possível sequer cogitar uma classificação valorativa dos diversos tipos de vida. Porém reconheço também que há, como já me referi em outras respostas, um silêncio incômodo quando nos referimos a ausência de comoção real quanto as guerras pelo mundo, quanto a fome, quanto a morte de animais para a alimentação. Nesse sentido parece haver de modo uniforme uma preservação do sujeito que não deixa que os fatos que chegam a seu conhecimento sejam introjetados afetando sua vida e conforto, tornando a morte, de quem quer que seja, um ato midiático, uma representação não aceitável conscientemente do mundo em que vive. Assim como Peter pan comemos uma comida invisível, vemos sujeitos indigentes, meninos perdidos, se atolarem numa guerra.

4- Toda estrutura de poder se estabelece, como determina Foucault, sobre uma resistência contra esta que já é prevista por seus dispositivos, estes passam a controlar e fomentar essa resistência através da vigilância e punição. Desta forma o status quo é alicerçado com bases na pressuposição de uma resistência até que esta cresça a tal ponto que reconfigure a ordem de poder vigente preservando certas características da antigo sistema e abolindo outras. Dito isto, numa civilização consumista e individualista determinadas posições de luta ainda são tomadas, mas com a queda e comprovação do fracasso do sonho comunista marxista, para tomar aqui um raciocínio de Denis Arcand, quais modelos de sociedade e vida ainda restam para serem o éden da desesperança? Sendo o desejo de possuir, no campo simbólico e material, o centro das estruturas de poder estabelecidas quem ignoraria o próprio gozo já que ele é capaz de transbordar os buracos da ferida?

5- Os impulsos e expressões sádicas são próprios das relações humanas. Quando lidamos com o Outro somos levados a um mundo de valores claramente díspar, o que nos leva a uma tentativa, quase sempre fracassada, de expressão e compreensão do Outro através de valores próprios como pressupostos, ou seja, a convivência com o Outro pressupõe a impossibilidade de compreensão deste através de uma escala de valores próprios, mas se ancora firmemente na tentativa repetida deste ato, dessa tentativa desenfreada brota o sadismo identificado como elemento presente em processos de angústia, forte ansiedade e depressão identificados na psicanálise. Nesse sentido a convivência, o casamento, a amizade, são em si “a sensação quase eufórica de assistir ao ‘espetáculo’ de sofrimento” reconhecível no Outro e em nós mesmos. As arenas romanas, jogos de futebol, reality shows, são a espetacularização deste impulso que compulsoriamente intrincado com estruturas de prazer da psique tendem a uma expansão que, como define Lacan, mantém uma estreita relação com as pulsões de morte identificadas por Freud.

6- Como disse anteriormente acredito que dentro do domínio detido pelo artista dos códigos aplicados na obra ele possuísse sim o desejo de fomentar diversas possibilidades de transgressão do sistema apresentado ao público, e evidenciar também a incapacidade de ação do público, mas repito que isto não lhe concede o direito de fazer o que fez, o que é sintomaticamente um solipsismo interessante dentro da idéia de transferência: rompendo a barreira do “direito de cometer o ato” o artista transfere para o público a culpa por uma omissão configurada pelo obedecimento e não transgressão de uma barreira do “ não direito e não permissão de violar a obra”.

7- Sobre o último comentário do professor Callegari (tinha de usar este nome na resposta, me faz lembrar o filme do expressionismo alemão) concordo plenamente com suas afirmações sobre a reação do público à obra o terço erótico de Márcia X, numa defesa clara de símbolos religiosos que determinam uma dominação sem qualquer reflexão a respeito destes.

Anônimo disse...

Felipe Cabral de Araújo Fagundes

200505539

Vamos aos pontos:


I-)Hoje em dia por mais domínio que se tenha sobre a arte que se expressa, não se tem controle em relação à massa, que nesse caso poderia ter "salvo" a vida do cachorro, intervindo e libertando o referido animal. A obra permite isso, a partir do momento em que nenhuma regra é fixada com relação ao que acontecerá.

II-)Acho que por mais pânico que se tenha. uma atitude como a de libertar o animal, seria o mais "correto perante a nossa sociedade, porém o que temos é ainda algo de intocável na obra de arte que faz com que as pessaos se choquem com determinadas coisas, mas não queiram mudá-las, como no caso da referida obra.

III-)Acho que a questão desa obra naão é dizer quem morre ou vive, ou quem é superior ou inferior, é questionar com a frase você é o que você come, os hábitos de uma soceidade por muitas vezes cegas em seu próprio universo.

IV-)Acho que só se vence esse "status quo" com atitude e issso passa pela subjetividade.

V-) As pessoas se escandalizam e isso é fato, mas é questionável sob o ponto de vista que já que ninguém faz nada, que essas pessoas só podem estar se deleitando com a prática, nesse caso a morte do cachorro. Aí se escandalizar seria mais um mecanismo de disfarce da própria natureza sádica do espectador.

VI-)Acho que hoje em dia, toda e qualquer obra quer provocar algo em alguem, mas concordo com o andre de que o artista referido foi um escroto( desculpem o palavreado), por transferir ao público a culpa por inanição do mesmo em relação ao cão.

VII-) Na minha opiniao, em relação ao terço erótico, temos uma subversão dos valores dogmáticos ditos cristãos em valores profanos. Acho que isso faz da arte contemporânea ser o que ela é hoje, algo que ressignifica os ícones, estando sempre ligada a fazer artístico ligado a própria vida de quem produz a obra.

Anônimo disse...

Camilo de Lelis M. Nascimento
Mat. 200710729

A meu ver, as considerações de Callegari são interessantes. De fato, ele conseguiu abranger os dois lados da moeda, ou seja, o artista e o público. De fato, vivemos num mundo marcado pela indiferença diante de questões éticas. O que importa, para muitos, é não ter a própria liberdade ferida, não importando se os que estão ao redor foram privados de seus direitos. Isso é um reflexo da cultura ocidental que vem se tornando cada vez mais individualista e relativista, a ponto de aceitar incólume esse tipo de “arte”. Penso que a indiferença é o pior dos vícios da nossa civilização ocidental. Somos imparciais diante do sofrimento alheio. Chegamos até a sentir um certo alívio ao constatarmos que aquele mal não nos acometeu a nós, mas pesa sobre outro. É o que acontece quando, por exemplo, vemos um acidente numa estrada e olhamos curiosos, mas passamos e damos graças a Deus porque aquilo não aconteceu conosco. Indiferença! Individualismo! Relativismo! Ao meditar sobre esta questão, vem-me à mente o aborto. Em nome da democracia, estão querendo estabelecer que um ser humano tem o poder de decidir sobre a vida ou morte de outro ser humano. Como disse Callegari, não está aí presente o fundamento do holocausto?
É preciso tomar posição. O que não é aceitável é permanecer indiferente diante de questões éticas como essa da morte do cachorro, como de tantas outras que permeiam nossa tão “avançada” civilização ocidental.

carla souza disse...

- O espectador procura não infringir a etica, mas o artista não infringiu a ordem de direito a vida?
- Isso ocorre naturalmente, é cadeia alimentar, é da natureza do ser humano matar um animal por crueldade, sem dar-lhe direito de defesa?
- Classificação não existe, alguem pode tirar a vida de outro? Ninguem deve se sacrificar por outro a não ser que queira, e ninguem é inferior a ponto de perder a vida para satisfazer a vontade do outro, isso é egoismo.
- O mundo atual é consumista e capitalista. Temos que mostrar esse maleficio a sociedade. Temos que retribuir individualismo com individualismo?
- Isso ocorre desde os tempos antigos, a sociedade é sadica e individualista, busca o q o faz bem sem olhar o maleficil que esta causando. Mas isso não dar o direito de tirar a vida de alguem que nao pode ao menos se defender.
- O artista estava exposto a esse tipo de atitude, mas só outro artista teria a coragem de desinstabiliza-lo. A sociedade age assim todos os dias se adaptando a determinadas situaçoes sem ao menos lutar pelos seus ideais.
- Concordo com Collegari ao dizer que a igreja busca defender seus principios religiosos.

Carla Souza
200610619

Anônimo disse...

Primeira(1ª), o domínio do conhecimento. Presume-se que o artista tenha o domínio da arte que expressa. De tal forma, o expectador não ousa infringir certo código de ética diante do senhor da obra estética. Uma reprodução da dominação e do exercício do poder.

1ª.
Pois é presume-se, ou seja, o artista pode ou não ter domínio do conhecimento.
Acredito que não existe domínio de conhecimento nenhum, ninguém tem conhecimento total de nada, somos seres em constante construção e em constante aprendizado acerca de tudo.
" Só sei que nada sei"


Segunda(2ª), a inércia coletiva igual a dos guinus. Convivem harmoniosamente, a poucos metros do leão, com a certeza da morte. Não há comoção exterior. Só o pânico.

2ª.
Legal!

A inércia coletiva igual a dos seres humanos acefalados. Eles convivem harmoniosamente (uns com os outros, as vezes é claro),em uma exposição de arte, a poucos metros de um cão,que esta ali exposto como "obra" e que todos sabem, irá morrer! Não há comoção exterior. Só o prazer.

Deu pra entender??


Terceira(3ª), existe uma classificação para os tipos de vida? Alguém teria o direito de selecionar quem poderia viver ou não? Assim começam os fundamentos para o holocausto. Sob um argumento de ser aceitável a morte de um ser "inferior" de outra espécie não se justificaria mais tarde o argumento "aceitável" da morte de seres da mesma espécie de raças diferentes (inferiores)?

3ª.
Quem somos nós pra rotularmos uma vida como inferior, superior ou intermediária? Não existe isso de uma vida ter mais valor que a outra. A única vida que podemos julgar é a nossa própria, pois quem a vive somos nós mesmos.


Quarta(4ª), vencer o status quo implica tomada de posição e luta. Como proceder desta forma diante de uma civilização consumista e individualista?

4ª.
A civilização pode ser consumista e individualista, pode ser a favor da maior idade penal, pode ser a favor de comer carne com geléia, ela pode ser inúmeras coisas, mas as escolhas que nos definem somos nós que fazemos (isso se a pessoa tem um cérebro e faz uso do mesmo).
Nós somos aquilo que queremos ser, se queremos ser iguais aos outros ótimo, se não, ótimo também. O ser humano deve ser livre pra optar.
Se queremos vencer o status qo, devemos passar por cima dessa padronização que existe pra tudo, não somos embalagens de supermercado pra sermos padronizadas.


Quinta(5ª), o artista expressou uma manifestação sádica do prazer do expectador em presenciar a morte e mais ainda a sensação quase eufórica de assistir ao “espetáculo” de sofrimento e dor cujo clímax é a morte. As arenas romanas não estariam simbolizadas nesta manifestação grotesca e também de alguma forma nos estádios de futebol?

5ª.
O homem é sádico por natureza. Não é atoa que dizem: " Pimenta no olho dos outros é refresco"


Sexto(6ª), quem sabe o artista pretendeu provocar uma reação do público prevendo que alguém se aventurasse a transgredir a ordem aparente das coisas e com a violação desta ordem salvasse a vida em perigo? Não foi uma demonstração explícita da dificuldade de fazer agir quem vive mecanicamente sob as determinações cogentes da ordem socio-político-jurídica sem reflexão e capacidade de reação?

6ª.
Meu que porcaria de suposição!
Ta, "supondo", kkkkkkkk, que o objetivo do artista fosse mesmo de alertar as massas, será que não havia jeito melhor não???
È muita ingenuidade supor isso, por favor!!Finalizo aqui o meu total gasto de conexão nervosa para falar o obvio.

Diogo 200505006

Tassos Lycurgo disse...

Prezado Diogo,
Acredito que a última parte do seu comentário, que transcrevo abaixo, está aquém da sua capacidade de expor opiniões de maneira educada e compreensível. Estou certo de que, pela sua competência e inteligência, você conseguirá refazer esta parte e publicar novamente no blog.
Caso não concorde com algum posicionamento, exponha a sua discordância de maneira argumentativa e inteligível, tal como você fez em todo o início do seu texto, parte esta que, por sinal, está bastante interessante.
Respeitosamente,
TL

Trecho infeliz do seu comentário:
"Meu que porcaria de suposição!
Ta, "supondo", kkkkkkkk, que o objetivo do artista fosse mesmo de alertar as massas, será que não havia jeito melhor não???
È muita ingenuidade supor isso, por favor!!Finalizo aqui o meu total gasto de conexão nervosa para falar o obvio.
"

Anônimo disse...

Desculpa professor, mas não creio que tenha cido infeliz em meu comentário com relação à 6ª consideração, digo isso, pois pra mim, essa 6ª consideração é realmente algo bobo para se pensar sobre.
Imaginando mesmo que a vontade de alguém de alertar outra pessoa sobre algo seja levada a extremos, como é o caso dessa "obra"(isso se formos supor que o objetivo do artista tenha cido mesmo o de "alertar" por meio da "obra), o fato de ter chegado a um extremo já invalida o objetivo da obra. Não acredito que para alertar as massas esse "artista" precisava mesmo chegar ao ponto de matar mesmo esse animal. Continuo achando ingenuidade da parte de quem quer que seja chegar a levantar tal suposição, acho ate engraçado. Como eu já havia dito, existem outras maneiras que não essa escolhida pelo "artista" para chamar a atenção pra algo!
Pode-se achar que fui infeliz pelo modo como transcrevi meu comentário, mas não creio que a falta de “pompozidade” no modo de escrever e o tom de ironia invalidem o mesmo, muito pelo contrario. Não fui "infeliz" em meu comentário, ele apenas demonstra o quanto pra mim essa 6ª consideração foi infeliz.
Desculpe-me, mas mantenho meu comentário como está, pois ele traduz o que eu penso, do jeito como penso. Se as escolhas de palavras não agradam, não posso fazer nada, não acho que por utilizar um vocabulário pobre pra expor uma opinião invalide a mesma se por ela consigo dizer, mesmo assim, o que eu penso.
Diogo 200505006

Tassos Lycurgo disse...

Oi Diogo,
Não combati o conteúdo do seu comentário, mas apenas a maneira pela qual você resolveu externá-lo em relação à 6ª consideração, que, a meu sentir, foi desnecessariamente agressiva contra alguém que apenas colaborou para a disciplina. De qualquer forma, agradeço imensamente pelo seu esclarecimento e dou por absolutamente superada esta discussão. Parabéns, mais uma vez, pelas idéias expostas.
Sinceramente,
Lycurgo

Anônimo disse...

Obrigado professor!
Mas apenas para esclarecer, eu não "ataquei" a pessoa em questão, muito menos externei a questão voltando-a para a pessoa que a expôs, pelo contrario.
O texto expõe as idéias do autor, a questão era debater as idéias levantadas, foi o que eu fiz, não ataquei de forma alguma a pessoa em si, acho estranho minha opinião ter sido levada pra esse lado, pois eu disse claramente que a suposição feita, foi, para mim, uma porcaria. O autor, por ele mesmo, escreve a 6ª consideração não como uma afirmação, mas como uma pergunta, ou seja, ele busca indagar o que se pensa sobre a questão que ele expôs. Pra mim a questão era um tanto quanto utópica, meu alvo não foi o autor, mas a hipótese quimérica de que o objetivo da obra era alertar as massas.
Como eu já disse se para alertar as massas seres vivos precisem ser mortos contra a vontade dos mesmos, esse tal "alertar" torna-se completamente invalido.
Existe um "ideal" que alguns pregam de que para grandes feitos necessita-se de grandes sacrifícios, isso não passa de uma historinha. Se for pra ser válida essa afirmação, que morra quem acredita na causa pela qual luta, pois se essa suposição for real, matar algo ou alguém por uma causa "que é sua", não passa de hipocrisia.

Espero agora ter conseguido fazer com que o senhor entenda o meu raciocínio.
Obrigado.
Diogo 200505006

Tassos Lycurgo disse...

Oi Diogo,
Acho que agora tudo está devidamente esclarecido, ainda mais por um caminho público e democrático, tal como é o espírito norteado deste blog.
At.,
Lycurgo

Anônimo disse...

Norberto
O argumento de que o autor da obra detém algum conhecimento nesse caso não me parece ter o poder de impedir uma que alguém interferisse para evitar tal barbaridade mas na realidade o comportamento dos guinus tem tudo a ver pois não temos o direito de tirar a vida de um ser vivo em nome de uma expressão artística.
A quinta não acho que alguém que vá a uma galeria de arte busque o prazer sádico,buscaria uma luta de box ou similar.
sexta acho que não.
mat 200611283

Anônimo disse...

Indiscutivelmente,por mais que uma manifestação artística possa despertar um repúdio unânime,terceiros não só não podem como não devem interferir,afinal o mostrar artístico desde de sempre deve manter-se imune á censura(na maioria dos casos).Porém, é inegável que no mais profundo íntimo de cada indivíduo ha uma certa atração ao trágico.Não de maneira insana apenas instintiva,como expicita um certo verso "...I need to wacth things die,from a good safe disdance..."-"...much better you than I...".Talvez o que o artísta quis propor com sua obra foi justamente manifestar esse jogo inconsciente entre o atraente-repulsivo.